10/13/2010

beleza é a mais estranha das forças 3 (virou uma série)

O que visto e revisto, dia após dia, não se desgasta. Nem se renova. O novo vive à sombra do esquecimento. O que visto e revisto permanece, mas não como as coisas que perduram. Como o início da música que ressoa no seu fim, inaudível e presente. Como é forte o início da música quando ela chega ao fim, como o fim é mais forte pela ressonância do seu início, ausente e audível. Como o rosto amado tem a ressonância de todos os amores esquecidos, como um dos sentidos da vida é o de compor-se uma linha melódica. Como o rosto amado indica o seu próprio apagamento do início ao fim, ao início de um novo amor não começado e antevisto. Você, por exemplo, que fica mais bonita a cada dia que passa. E a beleza é a mais estranha das forças.

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