1. Caderno de poesia carbonizado no amanhecer em elevada altitude. Nunca vi a dança da minha bailarina predileta.
2. Calor frio da manhã laranja sobre a tinta azul. Alguém dorme na minha imaginação.
3. Não escovo os dentes. Saio pra rua, converso com o porteiro, o chefe, a secretária, o guarda. Gosto agridoce suor na boca que presta esclarecimentos: a profunda irrealidade de tudo.
4. Verde claro, verde escuro, verde pálido alternando-se na planície aos poucos encoberta por uma névoa fina e luminosa, verde azulado e cinza, claro – branco se adensando em novo cinza e azul. O céu é onde a planície evapora.
5. A luz estoura meus olhos – coisas entre espaço. O que alguém está desenhando neste momento.
6. Como uma lâmina corto o vapor, onde o sangue dela circula.
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