7/26/2011

Sonhos - II

aguardava que medissem minha pressão.

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as caixas do sistema de som da clínica transmitiam a seguinte mensagem: doutor marcelo, emergência, doutor marcelo, sua esposa aprenderá contorcionismo para poder chupar o grelo.

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quis avisá-lo que os pássaros também pinçam as penas quando se viram para o lado em que a rainha morte dorme.

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(box casal, queen size, de mármore.)

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uma enfermeira fazia vitrine-viva à porta do consultório. meu nome inteiro, lembrei depois, reverberava naquela boca acrílica. havia chegado a hora: sentei-me no banco ao fundo da sala.

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a braçadeira transformou-se em questão de segundos num corpete para moças anoréxicas. era o meu sangue, o meu pulsar intermitente, que a mulher fechara a vácuo. a velcro.

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seus dedos longos masturbavam freneticamente a bomba de ar. tive medo de falir, sim, de morrer

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por excesso de hemopornografia.


(Também publicado no blogue da autora.)

2 comentários:

Mar Becker disse...

Em tempo: a série "sonhos" é composta por registros do tipo prosa poética ou poesia em prosa que faço inspirada em alguma imagem de sonho. Comecei a experimentar faz pouco.
Em tempo, novamente: tbm publicado no meu blogue pessoal, o http://deterdeondeseir.blogspot.com.

Aldemar Norek disse...

gostei da pegada da série.
que venham os próximos!