9/11/2011

Combustão Humana Espontânea

Mesmo que eu me cale, as palavras continuarão me invadindo. Palavras sopradas, inoculadas, jogadas de todos os lados prosseguirão seu trabalho persistente de inflar a alma. O mero silenciamento não é capaz de deter o processo, tão natural quanto qualquer outro, em que as palavras se misturam à vida dando origem a um sujeito inchado e combustível. Se eu fechar a boca, paralisar os dedos, conter-me, apenas adiarei a explosão inevitável. Sem contar que as palavras não decantam como matéria inerte num canto escuro de você. Brisa cheia de dentes remoendo as sensações, água-viva queimando a mente, matéria inflamável na alma –


deus azul inexistente, me ensine a arte sutil das metamorfoses.

3 comentários:

Sândrio cândido. disse...

Imagens e linguagem que fascina.

Daniel F disse...

legal Sandrio. vi lá no blog da Mar que você também se interessa por esse lado mais espiritual da coisa. vejo mais Graça quando a poesia caminha assim. e como não aceito que essa busca seja somente solitária, fico feliz que você tenha apreciado essa minha oração.

Aldemar Norek disse...

a metamorfose seria uma ótima alternativa muitas vezes...
gosto da ideia de uma oração sem deus, ou, como dito, para um deus inexistente. Abraço!