5/09/2012

É possível sair do mundo por meio das palavras, me abandonar no seu fluxo ininterrupto até que elas me levem além, tatuar-me de palavras até que a pele se torne tão leve; será que o espírito responde como um sopro das palavras, elas teriam esse poder, seriam organismos, forças
adormecidas, será que as palavras incitam sonhos e sonhos são movimentos reais para fora, uma saída, em infinito desenrolar-se da alma, respirar palavras, mover a mente em sutil moto-contínuo, serão as palavras um suficiente contra veneno, alguma coisa em que posso me recriar, me curar, ascender, descobrir,
inventar uma momentânea e ínfima redenção; será que as palavras impedirão que eu fique louco quando sopradas, jogadas contra o vento, contra os muros do mundo, contra outras palavras que aprisionam, palavras de corredor, palavras de arame farpado forjado por séculos e séculos; será que algo nas palavras algum dia vai dar em qualquer tipo de milagre, qualquer um não importando
que vocês entendam, testemunhem, acreditem, aceitem, teçam considerações, mensurem, avaliem a pertinência ou a atualidade, se há ou não experimentalismo ou estética, porque esse seria meu segredo, meu e delas e só quem respirasse com palavras pode saber o que se passa em idiotas que apenas gostariam de renascer como outra coisa qualquer,
asas;

será?

2 comentários:

Eliana Pougy disse...

Lindo isso. Nova linguagem, meu querido?

Daniel F disse...

à procura de uma nova linguagem.