5/05/2012


Emergir do lodo mergulhando ao alto rumo a toda possível transparência, como a mente transpira, cabeça pendida apoiada nos reflexos das luzes que acompanham os olhos depois de fechados, depois de longamente observar as sombras da tarde, a vida se acumula sobre a pele que assim fica grudenta, pegajosa, como é pesado se levantar (ela sentada sozinha olhando pra varanda por horas a fio) queria levitar na direção das minhas pálpebras e assim reconquistar a leveza da mente que sabe evaporar, questão de treino, a imaginação pode ser ar soprado de dentro pra fora da cabeça, noite passada um demônio me segurava tentando me impedir de pegar a cruz de madeira pendurada na parede, então ateus também não têm direito de benzer os demônios que tentam nos manter grudados nos móveis do apartamento, o sangue dos demônios é feito de lágrima.
Mãe quero colher suas lágrimas e fazê-las evaporar como os demônios inexistentes que atormentam nossos pesadelos reais evaporam com a leveza de olhos abertos para a luz oblíqua de um dia que nasce. Como é pesada a realidade, quero cobrir o mundo com um véu transparente que não produza ilusões mas faça tudo voar, voar com a mente acesa, um incenso de perfume e perdão.
Nada de recomeçar, apenas esquecer.

Nenhum comentário: