6/08/2012

Fatos, como eu ia dizendo

Fatos se opõem ao sol que se põe, estão ali, desnudos como a mais neutra das evidências, são nervuras de uma parede que não pode jamais ser atravessada, toda palavra é estranhamente volátil diante dos fatos inclusive esta

fato, que poder de sedução na obviedade incontida do real que dispensa sentido e verdade, na brutalidade crua daquilo que atravessa os ouvidos e não precisa de grito, arranha os olhos e ignora a luz: nada como a crueza

de um fato, um pedaço de carne sangrando, um arame fisgando tua boca e te puxando pro céu, uma força irresistível dos argumentos que se movem ao redor de fatos que por si movem em si cada um por si ah quanta inteireza e verdade superverdadeira naquilo que simplesmente observamos

ou gostaríamos de anotar com supra-olhos mentais, a imaginação que é tão carnal quanto a vida, um sopro, o ar que anima nossos sonhos, as vozes alheias que brotam das paredes, o sutil sabor de doce implícito no amargo, as certezas mais simples da vida, quando um homem sensato se depara com os fatos e o fato é o que foi

feito e o que foi feito pode ser mentido e desmentido figurado e desfigurado mas não pode ser desfeito, o que foi feito é fato e aí está só

não sei porque tantas palavras, talvez elas faltem ou sobrem quando o assunto gira em torno de fatos ou sei lá talvez fatos precisem de bocas (metaforicamente falando) e olhando bem um fato é um verbo disfarçado

de substantivo, enfim acabei perdendo o fio

da meada.











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