6/19/2012

Roubando Foucault


Figuras adjacentes, frágeis, um pouco monstruosas em que o desdobramento se assinala,

(sou o autor: observem meu rosto ou meu perfil; é a isto que deverão assemelhar-se todas essas figuras duplicadas que vão circular com meu nome)

que falam sem parar tudo aquilo que pôde ser dito para calar o murmúrio da morte,

(sou o monarca das coisas que disse e mantenho sobre elas uma soberania eminente: a de minha intenção e do sentido que lhes quis atribuir)

que são pura contestação,

(suprimamos o antigo prefácio)

linha simples, contínua, monótona de uma linguagem entregue a si mesma,

(mas você acaba de fazer um prefácio)

abrindo incessantemente um espaço onde ela é sempre o análogo de si mesma,

(pelo menos é curto)

um murmúrio entre tantos outros – após todos os outros, antes de todos os outros.

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