Céu vermelho. Céu, dourado. Azul irradiando-se entre traços, de nuvens. Vênus brilha mais, do que a lua.
Imagine que você está num teatro, na obscuridade da platéia. A orquestra se prepara para tocar mas sem, o violonista. O violinista levou uma, porrada de fuzil, no cotovelo. A orquestra se prepara. Um cadeado, inútil resguarda porta enferrujada. Sem motivo de existência, a porta.
Céu vermelho – luminoso que se expande, ao contrário, como se ele se, contraísse, uma luz em fuga ao avesso.
Imagine que sob, as calçadas sob, a terra sob as raízes (uma) voz quase, inaudível – só ouvida por quem se imagina ossada de operário da construção – esquecimento asfaltado, ali se abafa. Monumentos árvores de todos, os cantos ipês: jazigos.
Imagine que a Esplanada e sobre a, Esplanada o céu que nesta hora tende ao violeta nada mais são, do que imensa lápide de cemitério, de indigentes. Vocês foram, mortos porque reclamaram da comida, estragada.
Agora se imagine encostado, na parede tranqüilamente. Um livro está sendo lido. Não há frio, alguém, esteve ali encostado muito antes de, você. De frente para a parede a testa, colada no concreto com suor de medo. De onde virá a próxima, porrada? Saber isso já seria, um alívio. Sem saber o motivo você pegou, o livro de Lautreamont, justamente, naquela página em que ele diz: “sou, sujo” como uma voz voltada para, dentro como se a brutalidade fosse o fulcro de todos os livros que, jamais, foram escritos.
Céu azul escuro, apagado. Como um azul brotando, da transparência.
A luz, agressiva do dia ilumina unhas bem, feitas cheias de anéis, esmalte, transparente: você as entrevê sob o breu do capuz dos dias vividos no mais escuro da dor e do esquecimento, pelo menos é o que você gostaria, de esquecer. Você chega em casa e a coisa não te larga mesmo, em tua vida confortável.
Você olha a janela um ipê amarelo cujas folhas são unhas reluzentes e o calor perfaz auras em torno dos galhos: feche a janela, rápido!, para essa beleza sufocante.
- Seja bem-vindo, à sua cidade.
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