9/06/2012

LÁGRIMA para ALDEMAR















Hão
de ser tristes os teus

e os meus dias

quando os relâmpagos rasgam
o silêncio de tua
varanda

e passos de medo
preenchem o bosque.

A raça
declina uma vez mais
e arrefece junto
com a ceifa

de um podre trigo.

Nem águas nos salvaram
para refrescar
nossos pés

e nossas andanças
lavradas no negrume

Inventamos umas estórias
absurdas
para fazer

nossas filhas dormirem

elas tiveram a idade do sono
no berço
ou numa redoma
de vidro

onde inocentes
não desconfiaram

a desgraça do mundo.

hão de ser tristes
os meus

e os teus dias

malditos,
vamos andar
rumo

ao rubro dos outonos

e de um pequeno clarão

que se abre
toda vez

que se apunhala
a esperança.

hão de chorar
todos

na aspereza do mundo

(porvir transfigurado) -


2 comentários:

Anônimo disse...

Bellísimo tu blog... Este poema me fascinó! Un saludo. Ely.

Anderson Dantas disse...

Elizabeth, gracias, espero que podamos intercambiar puntos de vista y poemas, abrazos
Anderson