7/01/2013

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A grade na parede parecia uma prisão, depois mão de dedos longos e finos saía como se a sombra estivesse se soltando do concreto num gesto ameaçador, depois os dedos se alongavam tanto a ponto de parecerem linhas horizontais cruzando o meu peito, como traçados de projéteis, de repente tudo sumia, ficava escuro e depois a sombra surgia novamente, na sua forma original de grade (eu não devia, mas pensava, que prisão etérea é essa? são apenas sombras na parede).Nas horas de escuridão, é como se chamas de um fogo frio tocassem meu rosto. Me levantei com as pernas doloridas e vi que a grade, a mão e as linhas eram efeito da luz da lua e do movimento das folhagens de uma palmeira sobre a janela. Peguei o darmapada para ler: abro justamente na parte que fala em morte e que diz o que louco ama os obstáculos que o sábio evita (porque querer ser feliz nesse mundo é como querer morar tranquilamente numa casa em incêndio). O louco está em toda parte. Eu sou esse louco.

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