A grade na parede parecia uma prisão, depois
mão de dedos longos e finos saía como se a sombra estivesse se soltando do
concreto num gesto ameaçador, depois os dedos se alongavam tanto a ponto de
parecerem linhas horizontais cruzando o meu peito, como traçados de projéteis,
de repente tudo sumia, ficava escuro e depois a sombra surgia novamente, na sua
forma original de grade (eu não devia, mas pensava,
que prisão etérea é essa? são apenas sombras na parede).Nas horas de escuridão,
é como se chamas de um fogo frio tocassem meu rosto. Me levantei com as pernas
doloridas e vi que a grade, a mão e as linhas eram efeito da luz da lua e do
movimento das folhagens de uma palmeira sobre a janela. Peguei o darmapada para
ler: abro justamente na parte que fala em morte e que diz o que louco ama os
obstáculos que o sábio evita (porque querer ser feliz nesse mundo é como querer
morar tranquilamente numa casa em incêndio). O louco está em toda parte. Eu sou
esse louco.
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