O
ar denso gruda na pele em gelatina corrosiva. À luz difusa, estourada, não se
vê depois do céu. Estrelas e o próprio sol inexistem, a não ser como efeitos de
especulação teórica, ocultos pelo excesso de claridade.
Carrego
comigo um espelho onde julgo poder observar a luz em reflexo, fixamente, pra
entender o fogo: de onde vem e como cai sobre a vida, sob a forma de pétalas róseas.
Os olhos ardem mais do que o calor retido no espelho e sobre as pálpebras, como
numa tela, emerge um novo espetáculo cósmico, astros multicores sob o vermelho
das veias – só, o coração permanece o mesmo mistério ofuscado.
Fecho-me
num quarto escuro por três dias, para reaprender a caminhar entre sombras.
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