5/25/2007

As pombas aos pombais Não voltam mais

Arrulham, arrulham
(Ó poeta laureado pelo círculo do chá
Das sogras de Sorocaba!)
As pombas bicando a borda
Do inconsciente, em divãs
Psicanalíticos –
Sinfonia pra turbina de avião.

Do mesmo vão que brota
O vômito
É a fala das pombas em
Seus olhos coagulados
De fome e dor.

As pombas sofrem
Disso não se duvida e
Só mesmo as engrenagens
Tensas
De um piolho
Pra vitalizar
O sangue anêmico das pombas.

Toda pomba é fruto
De uma semente mutilada
É o ainda vir a ser
Do lobisomem –
Há um coração de lobo
No frio cortante
Das pombas comedoras de migalhas.

(Acordar, pombas insufladas.

Daremos pena
Aos aniquiladores do futuro?

Pombas são como
Pão velho
Pra quem tem caninos
Longos e afiados?)

5 comentários:

Anderson Dantas disse...

além de amargo frio e outros projetos que não essenciais e outras vidas que ainda não me permiti, ainda por cima, meu reumatismo ataca ... dor nos ossos, articulações ... quando vieres a Curitiba, pule aqui na Ilha de SC. ABRAÇOS

Aldemar Norek disse...

Gostei muito da despoetização das pombas parnasianas e sua relocação nestes tempos pós-roquenrou.

Hoje falava com um pessoal sobre como a classe média (o Círculo de Chá das Sogras de Sorocaba?) só espera o deslocamento que o Caetano faz nas músicas do Peninha pra poder dizer sem culpa que estas músicas são lindas. O mesmo vale para Marisa Monte e Adriana Calcanhoto e suas recriações/influências do brega. Odair José pra presidente.

De qqer modo as fronteiras entre o brega e o culto são difusas e apenas consequência da pseudo-consciência de classe. Ou não?

Aldemar Norek disse...

Afinal, as pombas são apenas o que são ou outra metáfora as abarca?

Daniel F disse...

Obrigado pelo convite, Anderson. Dessa vez não deu porque era um coloquio, meio correria de manhã e à tarde, nem deu pra andar direito em Curitiba.

Oi Aldemar, o chá das sogras de sorocaba é o chá das sogras de sorocaba, seus membros devem pertencer à classe média, acredito. mas à parte "culta" que promove saraus e oferece prêmios a escritores, logo não são A classe média. Pelo menos leio assim. Indo um pouco além, pra esse pessoal o belo e o brega são coisas bem demarcadas, embora mudem de ano a ano. Arrigo Barnabé, não, é inclassificável porque joga com o mau gosto que ficou debaixo do tapete.
As pombas são as pombas: é um bicho realmente nojento, que emite um som escroto e que fica pedindo migalhas nas ruas. Claro que tem a pomba da paz, mas esta deve ter os mesmos parasitas. Agora, ser uma pomba, é uma coisa da qual nenhum de nós está livre. Até acho que todo mundo é, pelo menos uma vez por dia.

Abraço!

Daniel.

Eliana Pougy disse...

Currurrucurrurruuuuu... hahaha! Adorei isso, menino!