3/14/2008

nº 74




É outra
a luz que fere cada mínimo espinhaço da água
nas ondulações de um mar que implode
sua fúria sobre si mesmo, para dentro,
em convulsões que se enrolam
como se num eixo, é outra
a brisa e outra a mansidão nesta outra
tarde em que você ainda retorna tarde
para onde seus pés não lhe deveriam agora ter levado, ou
antes para onde nunca deviam ter ido, como
se alçassem as cordas do destino por
uma grua de engrenagens secas e assim
ele permanecesse, sem acessos, caixa
suspensa de etiquetas
mínimas e ilegíveis pela distância até o pavimento
imóvel onde seus pés afundam sem que
Oriente algum (ou Éfeso) lhe
redimissem a espera em torno de uma dor
que circunscreve sua pele em espirais
e espirais até a perda
de qualquer espanto
ou maravilha.



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