4/08/2009

concentração, dispersão


pedra da gávea
pedra _a gávea
pedra _a _ave_
pedra __ _ave_
pedra __ __vê?

6 comentários:

Daniel F disse...

Oi Aldemar,

talvez isso já tenha virado um preconceito pra mim, mas esse tipo de construção aí pra mim parece meio que um maneirismo, ao contrário do que acontece por exemplo com os sonetos, que tem outro movimento. Ou seja, nem é uma crítica ao seu poema, porque simplesmente é um tipo do jogo de que não consigo participar.

Quanto ao que você disse sobre história, acho que é isso mesmo, a história é equívoca. polêmica e sem proprietário. O que não quer dizer que não tenha gente pouco disposta a largar o osso, especialmente na Ilha da Fantasia.


Abraço,

Daniel.

Aldemar Norek disse...

Concordo e discordo, Daniel.
Acho mesmo que o nosso tempo, se fosse pra classificar, é um tempo maneirista mesmo.
No caso deste poeminha, totalmente fora do que em geral escrevo, o que rolou foi uma espécie de experiência visual mesmo - quando eu pasava a Pedra da Gávea foi sendo envolvida por nuvens, de modo que no final parecia desmaterializada. Aí pensei num paralelo disso com a linguagem, um poeminha que transpusesse esta dispersão para o texto. Só isso. Mas fazer isso acaba virando uma adesão, não é? Ou não, pq do mesmo modo como acho que vale a pena me exercitar em sonetos, acho que navegar um pouco dentro de uma certa 'experiência concreta' não está vedado. Quanto ao 'sucesso' da experiência, bem, é questionável mesmo.

Outro dia numa discussão sobre o que é ou não poesia, falei que os poemas do Augusto de CAmpos, os mais recentes, apontam para o beco sem saída em que ele mesmo se colocou, apontam uma crise - por conta de sua trajetória tão programática e que cria estes "seguidores-de-menor-calibre" que ululam por aí....Tipo aquele: "quis mudar tudo/mudei tudo/ etc." em que ele aponta para a própria mudez. Acho que a fome de linguagem não é saciada pela ração magra do concretismo, nem a dele, que se farta com as suas belíssimas traduções discursivas.

Mas é isso, foi só um exercício, e resolvi postar aqui pra você e os demais meterem o pau mesmo...rs...rs...rs...
abração!

Aldemar Norek disse...

Sobre a história, o que mais tem me intrigado é que ela seria fundamental para a construção do real, pois o real é sobretudo interpretação, e é aí que a coisa se ferra toda.

Aí o que eu disse sobre a história posso dizer sobre o real: um divergir de expectativas, um desencontrar constante, um estar-se enganado e enganando perpetuamente e sem saída.

Daí a Ilha da Fantasia.

Tem uma música do Chico que adoro, A Moça do Sonho, que fala sobre isso de outra forma, mais bonita.

Abração.

Daniel F disse...

Pois é,

Até que gosto bastante de poesias dos concretistas, mas geralmente quando eles são menos programáticos. A parte teórica, é curioso, é a mais datada de todas, aquelas coisas de comunicação e rendimento de informação etc, tudo passou. Mas é isso que ainda hoje se toma como parâmetro de "invenção", o lado mais frágil do movimento.

Mas por outro lado disse sinceramente que esse é um limite meu, porque pra ler um poema você deve entrar no jogo, até pra avaliar e criticar. E realmente não consigo entrar nisso, mas sem dúvida se trata, no mínimo, de um bom laboratório de desmontagem das palavras e do discurso.

Quanto ao real, acho que sempre está presente e agindo por dentro da história. Mas ele só entra em nosso campo de fala/ação se procuramos algo nele que responda a nossa busca de sentido. Por isso que a história tem tantos erros, e erramos na história etc. De certeza mesmo, só na morte. E como me disse uma senhora no Procon aqui de Uberlândia, é por isso que a história é polêmica.

Abraço,

Daniel.

Aldemar Norek disse...

DAniel, a esta altura, depois de muitas taças de vinho(estou aqui fazendo experiências entre os portugueses e os argentinos) só posso dizer uma coisa: qualquer dia pego um ônibus, um avião ou qqer coisa (porque de navio não dá mesmo....) e vou aí em Uberlândia lhe dar um abraço. Acho que sinto falta disso em nossa amizade. E talvez por causa do vinho estou dizendo isso em público. Ainda bem que ninguém, ou quase issp, vem aqui.
Abraço virtual.
aldemar

Aldemar Norek disse...

Bem, mas sobre os manifestos concretistas, nao consigo deixar de rir qdo leio os tais. Aquela fé na técnica, na ciilização industrial, nãompode haver nada de mais datado, de mais posto nompassado do que aquilo. A base teórica do concretismo é uma página de humor. Os poemas do Augusto são outra coisa, e independem do concretismo. Assim como o Harolodo, que ficou melhor qdo abriu mão do movimento, mesmo sem admitir. O Décio, bem, o que se pode falar de alguém que trabalha como publicitário? POde ser preconceito, mas o concretismo e o capitalismo têm muito a ver, e o Décio está neste cruzamento.

Sobre o real: o real é foda e não tem nenhum sentido.

Abração virtual,
aldemar
obs.: pra mim só o corpo dá sentido, ou tem sentido, até num abraço, ou principalmente...