Lendo o relato sobre um
que escrevia fora
de seu tempo,
“a alma é o cu de existir
nesta porra que chamamos vida.
Por ela passam fezes - as emoções.
Uma ou outra
suja suas bordas quando lhe atravessa.
Às vezes o Amor quer lhe invadir,
a todo custo,
e é sempre um estupro –
a dor é certa,
mesmo se houver prazer
na perversão”,
percebeu que ele gastara quase meio século
mais seis anos do seguinte
pra escrever esta metáfora
gasta, idiota e portuguesa.
Melhor seria tomar o todo pela parte?
Ou é impossível encontrar de novo
o endereço da arte?
2 comentários:
Este poema aí tem um ou dois anos, nem sei....mas tem a ver com o papo que rolou.
abração
Oi Aldemar,
eu já tinha lido esse poema, acho bem legal.
Quanto ao meu poema, não sei se dá pra chamar de pornografia, não tenho nada contra, pelo contrário, mas acho que não é literatura pornográfica só por ser escatológico. Não sei.
Não quero muito justificar esse poema, até porque acho que é mais uma brincadeira, engraçada ou não, depende do gosto. Quando escrevi, eu estava lendo umas coisas sobre a questão da hierarquia do corpo: olhos para ver - sentido do conhecimento; ouvido-boca para falar - razão e política - enfim, os sentidos ditos nobres contra o tato e o olfato que seriam animalescos etc. Aí uma hora me veio essa brincadeira aí, que começou com peida pelo nariz, não me lembro porque.
De resto, acho que o palavrão não é o x do problema, o x é se o poema presta ou não.
Abraço!
Daniel.
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