No início, deve ter rolado
A transfusão de sangue de um buraco negro.
Sangue verde-escuro, de musgo, sangue frio
De anfíbio.
Sabe-se lá quantos estupros nas gerações de orgulhosos
Masoquistas, melancólicos de sangue de sombra, um litro
Gostoso de sangue de mitômanos, místicos, seres sem imaginação,
Da repetição, sangue sem tragédia, sangue de beata virgem,
Afinidade eletiva com álcool, com os excessos, sangue compulsivo,
Bipolar, histérico e esquizofrênico, sangue de puta, sangue amarelo
De bílis, sangue de papel, de alegria desesperada, que cultiva
A tristeza como se a derrota fosse um tipo de retiro espiritual,
Não basta ficar contente, tem que destruir o bar com os amigos,
Não basta ficar triste, tem que contabilizar jazigos,
O show não está bom? Joga latas de cerveja nas backing vocals.
Nem mesmo o hábito saudável da leitura
É saudável quando imerso num sangue porcaria desses,
É leitura compulsiva, delirante, desordenada e degenerada
(Ao invés de Sítio do Picapau Amarelo, por onde começaram
Todos os colunistas culturais, O Presidente Negro e os tratados
Eugênicos do Monteiro Lobato, sangue de chacota, só pra
Dizer que Lobato e Xou da Xuxa é a mesma merda)
Sangue ácido, sangue pinguço, a mãe natureza vai
Acabar com isso recitando a fábula da semente, mas no seu caso
É a semente que é seca, imprestável e pecadora.
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