7/12/2010

O Ponto do Silêncio

O Ponto do Silêncio

Para meu amigo Estrada

Lembro-me da conversa sobre a pontuação... Ponto.
Tenho que trabalhar, mas a poesia clama: desce e sobe...
Minha mãe acamada pede uma massagem.
Uma massagem na dor da doença.
Quem está doente?

Phatos, atos, ação, pontuação.
Phatos, afeição, afetação: afeto.
Um dia fui feto desta que agora luta e pede um afeto.
Ato. Ponto. Pontuação: ação e finitude.
O que vem depois do ponto?

Ela precisa de contato para que eu sinta
Meu coração.
Pontuação, ritmo para sentir o misterioso
Silêncio.

Pergunto e exclamo, mas o silêncio (confortante e angustiante) passa rápido...
O que fica? Talvez a interrogação invertida.
O som do sono, a voz dos sonhos?

A música transborda
O som penetra a presença
O som penetra o olhar com dor
Sinto o ponto.
A linha, a curvatura das palavras, o ritmo de algo misterioso:
A calma, a pausa. Meditação.
O que continua? As reticências.

A luta pela vida e a aceitação da morte.
A triste contemplação da dor.
A força contra a acídia de onde vem?
Da amizade e do amor.

Rodopio dervixe: dança, desaceleração.
Por instante sinto a pontuação.
A vida e sua suspensão: estar entre parêntese
É aceitar estar entre
e para além do mar da subjetividade subjetiva.
Talvez o gostoso seja um dia penetrar, inscrever uma marca no
Misterioso ponto de todos os pontos:
Nada melhor que um mergulho no infinito das palavras que ainda não existem!

Tenho que parar: ela pede mais uma massagem.

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