9/04/2011

Quem disse que a liberdade é leve

Erros de datação interessam ao espírito
crítico. Quem respira Mistério sabe que dia inexiste ou hora: a mesma boca que profere é a boca que mastiga. Kronos é uma pantera que canibaliza a lógica do tempo.
Quem disse que a liberdade é leve
não tem volta ou abrigo: o calor estende a mim suas mãos, me agarra pela garganta, vem das paredes da minha caverna: fratura exposta rasgando a carne da cidade, fios elétricos ligando almas e letreiros luminosos.
O excesso de luz apagou as estrelas, o excesso de música banaliza todas as vozes, o esconderijo foi soterrado, o velho apartamento é habitado por outra
família.
Quem disse que é leve a liberdade?


8 comentários:

Aldemar Norek disse...

'o excesso de música banaliza todas as vozes'.
it's real.
qual seria o antídoto?
ou o banal é uma nova plataforma e dela devemos partir?

Daniel F disse...

não acho que a banalidade seja um ponto de partida, é mais um destino.

Aldemar Norek disse...

Então não são muito boas as previsões....

Daniel F disse...

não.

Aldemar Norek disse...

Às vezes a ilusão é que mantém o equilíbrio. Lembrando que o equilíbrio pressupõe o repouso, não o movimento.

Aldemar Norek disse...

O verso "o excesso de luz apagou as estrelas" me lembrou a fixação dos românticos nas estrelas... Permanência da ilusão, este excesso de luz?

Daniel F disse...

é que também to lendo umas coisas sobre historia do renascimento, a questão da magia com os astros e da astrologia com a ciência. por outro lado, acho curioso que as imagens da decadencia, do fim dos tempos, sempre se baseiam na imagem das trevas. pensei que nossa situação, além de ser um apocalipse sem juízo final, sem drama, é um fim dos tempos pelo excesso de luz.

Aldemar Norek disse...

naquela época a luz e a treva ainda não tinham passado pelo crivo da tecnologia....

a tecnologia modifica a luz e a treva?