12/04/2011

Espelhos do tempo

1.
Cartas na mesa
De mão em mão em sentido
Anti-horário, ao contrário
No espelho.

2.
Tédio de astronauta
Flutuando em cápsula
Ao redor da terra.

3.
Relógio com navalhas
No lugar de ponteiros.

4.
Remorso de manhã
À noite:
Fotos de crianças no corredor do apartamento.

Atmosfera azulada
Em névoa televisiva.

Sobe e desce de talheres
Como se um pântano
Fosse o prato do dia.

(No banheiro, o espelho escuro
Reflete as fotografias)

4 comentários:

Mar Becker disse...

A aridez característica da tua escrita. Mas aqui mais baldia. Gosto muito da truculência de primeiro, é aterrorizador.

Angustiante te ler, Daniel. O sobe e desce de talheres é visível, pesado; não se come um pântano facilmente.

Incisões nas horas.

O silêncio em torno de cada cena não é aquele silêncio da fecundação; sei lá, me parece um FRIO INTENSO, uma desolação da terra toda...

Beijo,
Mar

nydia bonetti disse...

Descobri o língua epistolar através de um comentário da Mar. Estou seguindo vocês! Abraços.

nydia bonetti disse...

Me autorizam a linkar no Longitudes?

Daniel F disse...

Oi Nydia,

claro que sim. esse é o teu blog? por coisas que já li no face, deve ser ótimo!
Abraço