2/19/2007

nº 11



Racional. Milimetrado. Lixando a esmeril
todos os cravos da paixão que ganem no passado.
Se a carne for embora junto, tudo bem.
A carne é fria e livre, mármore dos deuses,
mas é nela que a memória pulsa, se insinua
e sempre sangra.
Quantas vezes, rijo, armado, masculino,
fui invadindo a carne alheia, sem pedir,
com uma difusa esperança de encontrar o oásis
para a alma.
Eis que o deserto é mesmo tudo,e isso já foi dito.
A um beduíno, sem camelo, caravana, tenda, sem Alah,
na ausência da água,
resta sentar na areia e se abraçar, agarrar-se à própria carne, que a alma,
esta é rebelde e foge sempre ao braço, à mão
humana.

Para esta sede, nem que tudo transbordasse.


(das Notas Marginais)

2 comentários:

Masé Lemos disse...

eu gostei, norek!
estas notas estão muito bacanas!!!

Aldemar Norek disse...

a sua adesão a estas notas me alegra (me faz me sentir menos fora do caminho).
beijos.