6/21/2007

A estranha cara dos peixes

Ao longe
a espuma
se confunde com
Pequim
ou alguma cidade longínqua
agora adormecida
a base de fortes
soníferos

Ao longe
a névoa atrapalha
talvez Babilônia ou Alexandria
ainda vivas gritam soterradas
alguma guerra em marcha
pesa em suas sombras, o cais.

A espuma
branca
reluz como límpido ponto inalcansável
volúvel
vai com a maré
[vai como maria com outros]

enquanto por aqui
as peças do xadrez esparramadas
você
indiferente
o livro
embaixo do braço.

2 comentários:

Daniel F disse...

Gostei muito desse poema, Masé. Achei que por causa do mar e das peças de xadrez o livro poderia ser do Fernando Pessoa (mas claro que no poema é melhor que seja qualquer livro). Aquele poema sobre os jogadores de xadrez é do Ricardo Reis? Não me lembro direito e não tenho o livro.

Uma coisa engraçada é que ontem escrevi um poema que vai mais ou menos no mesmo sentido do seu. Viver o exílio, mais ou menos isso. Pra variar, porém, o que escrevi é cheio de contradições, e tem até um certo ressentimento que tento ironizar. O seu poema é melancólico, lúcido.

Abraço,

Daniel.

Masé Lemos disse...

oi Daniel

obrigada pela leitura!

ando meio sumido - muito muito trabalho

mas é por aí mesmo, Ricardo Reis tem sua presença

no tema da indiferença, ouvi contar que outrora etc

a tal torre de marfim, etc

o poema seu a que vc se refere é esse postado logo em seguida ao meu?

vou ler com calma

beijos para todos

Masé