8/12/2008

em torno de




Tempo demais perdido nestes versos,
sua passagem traçando novas linhas
em folhas que foram brancas e em certos
lugares por onde nunca andei - minhas
certezas de então, ilusões, desejos,
sonhos sem chão que um dia os apoiasse,
ainda vibram, turvos mais que plenos,
entre as letras sem rumo, quer me atrase
ou não para jogar todas as fichas
na banca do destino, crupiê
ou gigolô, não sei, enquanto ouço
ela dizer “meu bem, coma as salsichas
antes que esfriem!
”, sem me entender
ou à vida, este calabouço doce.

3 comentários:

Daniel F disse...

Oi Aldemar,

salsicha fria é ainda pior do que dobrada à moda do porto fria... Sei lá, salsicha é ruim de qualquer jeito.

Também tenho andado com essa sensação sobre literatura, de total e completa futilidade, em mim, nos outros, em tudo, nos blogs e sites e revistas e cadernos culturais. Mas vou fazendo as coisas, meio que me forçando a continuar.

Logo logo te mando o apocalipse, é que to indo e vindo de Uberlandia a Campinas, este mês tá foda.

Quanto ao sarro triste, acho que é por aí sim. Se pintar alguma coisa com cara de todo, deve ser mesmo por aí. E tem relação com o apocalipse, você verá. Mas, não sei, já to achando o que saiu no Dulcineia uma merda. Não o projeto, que é lindo, mas minha participação. é a vida...

Sobre política e poesia, também não curto muito a poesia panfletária, ou que vai prum lado épico, ou mesmo de denúncia. Denúncia é fácil e até a Fátima Bernardes pode fazer. épico remete a bajulação, não tem mais sentido hoje em dia. Mas não consigo me desligar das figuras aberrantes do poder, deve ser por isso que sempre caio na política.

Vamos ver no que dá.

Abração,

Daniel

Aldemar Norek disse...

ahahahaha....não tinha me tocado do paralelo com o Álvaro de Campos, salsichas x dobradinha...ahahaha. Só você pra desencavar esta! E olha que sou leitor religioso do Pessoa, vivo com exegeses circulares (sic) da obra do cara, que acho que ainda tem caldo pra mandar pra este mundo pós (hirc, ahrrrg) moderno.
Caldo de dobradinha?

BEm, fiz umas modificações insignificantes no poema, fico remexendo os sonetos, tentando arrancar uma lasca daqui, outra dali.

Não tenho pressa de receber o Apocalipse, mas quero mesmo receber. Mande quando tiver mais calmo por aí, ok?

Estou te devendo uma opinião sobre seu livro no Dulcinéia. Você sabe que gosto mesmo da sua escrita - não concordo com tudo, não me identifico com tudo, mas admiro e acho que entendo parte. Mas achei o livro, que tem bons poemas/textos, meio desarticulado. Mas esta foi uma leitura primeira. Deixei ele decantar estes meses, está na minha mesinha de cabeceira. Vou pegar de novo e te falo. Acho que os livros têm que decantar, sempre (os meus estão decantando eternamente sem que pense em lançar nenhum...rs)...

Figuras aberrantes são aberrantes no poder e fora dele. Gosto muito de pensar/escrever vidas pequenas.

O problema de hoje é que as figuras aberrantes tem cada vez mais clones e duplos. O mundo parece um jogo de espelhos com engrenagens enferrujadas, as imagens pararam de mudar, em essência (se´é que existe essência).

abração!!!

Aldemar Norek disse...

p.s.
mexi no quintessências tbm. Achei que ajustei o sentido do final mais para o que era pra dizer.