Mundo (s.m.)
Conjunto indistinto de forças cujo único objetivo é deixar você com cara de babaca, custe o que custar. Possui o dom de penetrar na mente das pessoas e através delas imprimir sua marca, seja na pele, na memória ou em sua biografia (quando assim é possível chamar a seqüência de fatos sem sentido ao longo de sua vida e se pode chamar de vida a seqüência de fatos sem sentido ao longo do tempo que lhe é concedido). Suas maiores armas são o dinheiro, o poder, a libido e instintos derivados, como o de matar, geralmente em grupos de dois ou mais. Escritores mais ou menos geniais têm a mania recorrente de compará-lo a labirintos, o que dá a perceber sua natureza não muito amigável (labirintos são, em geral, freqüentados por minotauros e outros tipos de caráter duvidoso...). No século XVII, um escritor tcheco, Comenius (1592-1670), representou-o como um caminho que se bifurca em seis outros, sendo que estes desembocam sempre no mesmo lugar, onde se alcançaria o conhecimento sobre a razão última de todas as coisas, e por isto torna-se evidente que tal poema foi escrito sob o efeito de algum poderoso alucinógeno ou meramente faltavam-lhe elementos mais objetivos para análise – talvez porque no referido poema o “herói” fazia-se acompanhar por outros dois personagens denominados “Engano” e “Sei-tudo” (o que demonstra serem duas faces da mesma moeda) e utiliza em sua odisséia lentes que lhe distorcem a compreensão das coisas. Como na vida, assim como ela é.
5 comentários:
Pois é Aldemar,
é por esse caminho mesmo aí, da confusão entre dentro e fora, tem a ver com a experiência do calor insuportável por aqui, ainda mais porque gosto muito de andar a pé e qdo chego em casa a puta do sol ainda vem comigo...
no terreno do neo-inutilismo, li em algum lugar ou estou inventando que li, não tenho certeza, que mundus era pros romanos uma vala cheia de demonios, maníaco-depressivos, canibais etc. Mas com a ironia da sua aproximação (gostei muito dessa) acho que isso seria se levar a sério demais...
qto ao Mainardi, não penso assim como você não. Pra mim o problema é o que ele diz, escrever mal ou bem vem em segundo plano nesse caso. Nunca li o romance do Paulo Francis, já vi gente elogiando e outros detonando, sinceramente não sei se ele escrevia bem. Mas era sim uma figura engraçada, com momentos bons e outros completamente infelizes. Parece que qdo ele escreveu aquele Cabeça de Papel ele ainda era, ou se dizia, trotskista? Ou seja, sei que essas rotulações nem sempre colam. Mas ao mesmo tempo não consigo ler, ainda mais crônicas e opiniões, sem pensar no que está sendo dito. Tanto pior se Dio escrevesse bem, só pra dizer aquelas merdas!
Oi, Daniel.
Me escapou o que vc quis dizer no "com a ironia de sua aproximação isso seria se levar a sério demais".
Os romances do P. Francis não gosto. Gostei muito de um livro de memórias dele, onde se pode ter um painel da história e da cultura (pela visão dele, claro, mas que é corrosiva e divertida) dos anos 30 em diante. Ali aparece tbm um P Francis humano, que é uma coisa que me interessa, à parte posições e ideologias (assim como observo também, embora sem grande interesse neste caso, o Dio...., em função do drama pessoal que ele vive. Mas continuo achando que a precisão do texto se sobrepõe ao que é dito e até transforma - e no caso dele, em específico, abomino os dois lados, o dele e o de quem ele critica. Agora, a forma escrota como faz a crítica é mesmo o fim, algo como o garotinho-puto-dono-da-bola-que-virou-dedo-duro, algo assim. Neste caso acho que vc tem razão, não tem prosa que salve ou resolva.
Abração!
Quis dizer que acreditar que o mundo tem demônios já seria muita pretensão, a sua aproximação sugere que a gente não deve se dar essa importância.
Abraço,
Daniel.
Ah, perfeito. Esta, uma das ironias.
abração.
Ah, perfeito. Esta, uma das ironias.
abração.
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