9/19/2008

Novo Pequeno Dicionário das Aproximações

Vida (s.f.)
Relaxe, é apenas um jogo e, de forma geral, em função da natureza da maior parcela dos jogadores envolvidos, tem um cunho absolutamente banal, supérfluo e superficial. Tem ainda contra si os seguintes aspectos: você não pede para jogar, quando dá por si está no meio do jogo, e geralmente perdendo; por um dispositivo desconhecido (provavelmente sua limitadíssima percepção), você nunca sabe se é jogador ou uma simples peça, ou os dois, simultanea ou individualmente; você não escolhe em que parte do tabuleiro será lançado no início da partida, o que pode significar enorme desvantagem, o que acontece na maioria dos casos (ou seja: você pode ser um príncipe encantado ou um sapo, sem que para isso concorra o mérito ou escolha sua). Como se não bastasse, só há um resultado possível: você vai perder, amigão, não importa o que faça – pode até estar, provisoriamente, em vantagem sob um ou outro aspecto, mas no final você se fode. Talvez o melhor que se possa fazer seja aproveitar as vertigens circunstanciais e igualmente provisórias que certos lances proporcionam.

3 comentários:

Daniel F disse...

é isso mesmo Aldemar!

além de tudo, você não ficou limitado, como no meu caso La Boetie, à imagem do jogador que está no comando (lá, a não ser na imagem das bolinhas do bingo do Sílvio Santos...).

Tem um negócio compulsivo no jogo, o nome fetiche disso agora é players.

E como você bem disse, isso não é só política.

Me deu vontade de reler o Dosti.

Abraço,

Daniel.

Aldemar Norek disse...

Daniel, td bem?
acho que a política é o sintoma - a doença está em algo mais profundo, ou abaixo, se não forem a mesma coisa.

neste sentido qualquer comando é ilusão.

vou confessar uma coisa: apesar de adorar o velho Dosti (me apropriando da forma que vc usa pra nomear o cara), sempre tive bloqueios na leitura. Nunca consegui terminar os Karamazov. Nunca terminei nada além de uns contos (geniais). Agora, minha fascinação maior é pelas 'Notas do Subterrâneo' (marginais?), que também não consegui terminar. Será que é por identificação demais?

abração.
preciso pensar um pouco mais sobre seu poema daí debaixo pra escrever sobre. Me dá um pequeno tempo, ok?

Aldemar Norek disse...

Aquela sua observação sobre "servidão" em relação ao Maneirismo tem a ver com o La Boetie? Não tinha me tocado que o paradoxo do título (servidão x voluntária) e do tratamento do assunto é essencilamente maneirista - embora ache que a abordagem "política" não passa do verniz das coisas...ou não? Não li o La Boetie.