AQUI,
margem de tudo
trono apodrecido de juncos
absurdo de águas
não posso escrever limpidamente
pois meu pensamento
é uma mistura
de mar, ressaca e lodo
meio deitado
ou de joelhos
na areia, presumo
azuis roxos e lábios
ave em esgar,
um ramalhete de peixes.
sem emprego
sem nome
sem espada
nem guerreiros para comandar
sem escudo
sem estupro
nenhum olho de rei
para comer.
Ilha, 29 Out. 2008.
4 comentários:
Anderson, reaparição em alto estilo...
Gostei muito mesmo deste poema.
"Não posso escrever limpidamente etc" é marca de um poema dos bons.
grande abraço,
aldemar
Olá, Aldemar, Daniel e a todos os companheiros do Língua ... o interessante é que eu tinha escrito este poema, a partir de um livro "de como escrever cientificamente", e que falava que temos que escrever limpidamente. Só depois é que li o poema anterior do Daniel e notei grande semelhança temática. Abraços a todos.
Pois é, e o meu escrevi depois de ter lido o do Aldemar.
Gosto muito desse tipo de comunicação por poesia. é uma das boas coisas de um blog coletivo.
Abraços,
Daniel.
Falado, gente.
Acima segue mais um pelo mesmo caminho.
abraços!
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