Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
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3 comentários:
Oi Aldemar,
tem um texto do Sartre sobre a literatura fantástica em que ele diz que o absurdo é um oásis em comparação com a busca de sentido do fantástico. é uma alfinetada no Camus, é claro, e nessa disputa se eu tivesse que escolher preferia o time do Camus. Mas é legal, porque essa coisa de falta de sentido pode ser escapismo. Não to moralizando, é uma dúvida pessoal, penso o escapismo não como alienação apenas mas como cansaço também.
Acho que se as idéias de ficção e miragem dos verbetes forem pra outro lado, e isso é trabalho do leitor, não o do lugar-comum sobre mentira e manipulação, os verbetes ficam mais interessantes.
Pode ser, não?
Abraço,
Daniel.
Sobre sentido, apesar de ser o tal luga comum de hoje, em termos, fico com Clarice, que diz: !Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qer entendimento" e "Só depois eu iria entender, o que parece falta de sentido é o sentido".
O cansaço existe, porque parece que o sentido tem a mobilidade da miragem, parece que se desloca.
Mas o lugar comum da alienação própria de cada época, a alienação de quem veste o 'espírito da época' sem crítica, acho este bem pior. Seja em que tribo for, é alienação - pois o 'espírito da época' desde os anos 70 tem modelitos diferentes e simultâneos pra vários e diversificados gostos.
Neste caminho, acho que eu quis com o verbete só identificar a mobilidade do sentido, o que, numaoutra leitura, coloca ele na posição de alvo, objeto sempre de desejo.
Talvez a saída pra isso seja uma forma de apocalipse portátil, nem que seja apenas no texto (mas eu duvido da não comunicação entre texto e vida.....só que isso é outro papo, loooooongo demais.....)
abração.
sua leitura sempre atenta (é claro, quando o que você lê toca de algum modo, positivo ou negativo) é um dos presentes deste blog.
Ainda sobre o sentido, e os espíritos da(s) época(s):
“Para o lado de lá”, disse o Gato [de Cheshire], apontando com a pata direita, “vive um Chapeleiro: e para o lado de lá”, apontando com a outra pata, “vive uma Lebre de Março”. Visite qualquer um dos dois: ambos são loucos”.
“Mas não quero encontrar gente louca”, observou Alice.
“Ah, isso não tem jeito”, disse o Gato: “Somos todos loucos aqui. Eu sou louco. Você é louca”.
“Como é que você sabe que eu sou louca?” disse Alice.
“Só pode ser”, disse o Gato, “ou não estaria aqui”.
Lewis Carrol
in "Alice's adventures in Wonderland". In: GARDNER, Martin (Org.). The annotated Alice. London: Penguin Books, 1970.
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