8/09/2010

wireless




o medo de se perder, mundo
punk, desenhando à faca na água suas dúvidas, você
conversa consigo pelo espelho oxidado em terceira
pessoa, rasurando à unha o nitrato, comendo grama
por grama o retrato que lhe vem na prata
quando rói os dedos entre os campos
minados, o medo
de se perder, converse comigo, nada
mais pode ser dito depois
que o chão desaparece, mundo
junkie, jungle, os hipopótamos são os únicos
que atravessam a rua sem esmagar
as flores no asfalto, linces e gazelas
não, você está
solto no espaço, nenhum céu
desaba, antes
permanece imóvel em aparência no instante
em que você escorre a esmo pelas trilhas
e deleta arquivos antigos, converse
comigo, menos laços, odiar
as lembranças, o medo
de se perder, mas é justo
pra onde você
vai.

2 comentários:

Daniel F disse...

Oi Aldemar,

Não vou dizer que esse poema é neobarroco, porque vai remeter àquela picaretagem neoparnasiana...rs
Mas que é punk-barroco, é.

Sobre o outro poema lá embaixo, o final é meio enigmático mesmo, tipo uma senha. mas, acho que quem tiver vontade pode pensar nas letras e dar um sentido pra elas. e, de conexão mesmo, n de não, etc.

to em dívida com você, mas não me esqueci.

Abraço!

Aldemar Norek disse...

Legal vc gostar, Daniel.
Curti a parada do barroco-punk. Está inaugurado o estilo.
ahahahahahah
Sobre os neoparnasianos, acho que vou postar aqui o decálogo neorococó do Lalo Svoboda.
Que tal?
rs
Abraço!

p.s. não rola dívida nenhuma, cara.