Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
8/09/2010
wireless
o medo de se perder, mundo
punk, desenhando à faca na água suas dúvidas, você
conversa consigo pelo espelho oxidado em terceira
pessoa, rasurando à unha o nitrato, comendo grama
por grama o retrato que lhe vem na prata
quando rói os dedos entre os campos
minados, o medo
de se perder, converse comigo, nada
mais pode ser dito depois
que o chão desaparece, mundo
junkie, jungle, os hipopótamos são os únicos
que atravessam a rua sem esmagar
as flores no asfalto, linces e gazelas
não, você está
solto no espaço, nenhum céu
desaba, antes
permanece imóvel em aparência no instante
em que você escorre a esmo pelas trilhas
e deleta arquivos antigos, converse
comigo, menos laços, odiar
as lembranças, o medo
de se perder, mas é justo
pra onde você
vai.
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2 comentários:
Oi Aldemar,
Não vou dizer que esse poema é neobarroco, porque vai remeter àquela picaretagem neoparnasiana...rs
Mas que é punk-barroco, é.
Sobre o outro poema lá embaixo, o final é meio enigmático mesmo, tipo uma senha. mas, acho que quem tiver vontade pode pensar nas letras e dar um sentido pra elas. e, de conexão mesmo, n de não, etc.
to em dívida com você, mas não me esqueci.
Abraço!
Legal vc gostar, Daniel.
Curti a parada do barroco-punk. Está inaugurado o estilo.
ahahahahahah
Sobre os neoparnasianos, acho que vou postar aqui o decálogo neorococó do Lalo Svoboda.
Que tal?
rs
Abraço!
p.s. não rola dívida nenhuma, cara.
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