2/28/2008

o que você faria se não sentisse medo?

real, isso aqui deve ser
real e cheio de arestas (é só
olhar de perto e sem
formulações) cortantes,
lâminas intermináveis
na pista ondulada
em sobressaltos, e você,
enquanto desce
o tobogã de encontro
ao vazio, aproveita
a embriaguez do vento
em seus cabelos e
repara o curso
de cada mínimo
impulso da eletricidade
até o centro oculto, ali
onde o segredo pode
ser o não haver nada
no final da pista
descendente além
da vertigem, e não
adianta fechar
os olhos, viajante,
os dias (sem cor ou
vigorosos) ainda
passarão sem
observar a pele
sobre a íris ou
seu desejo de mudar
os quadros sucessivos
que escavam no corpo
outro desejo e assim,
num trânsito que aponta
o infinito, como se
as coisas não virassem
pó, você ainda
pode arremessar os olhos
novamente e retirar
do acaso alguma
coisa que se diga
flor e restitua
aos dias o prazer de outra
embriaguez, no transe
de todos os sentidos.

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