4/04/2008

discurso (da vida dupla)



sobe as escadas
(uff, uff)
segundo ou terceiro andar,
(não lembra)
chega a uma porta sem letras
com a tinta descascada
e uma campainha

aperta a campainha

abre a porta
uma garota seminua
lingerie, calcinha
shortinho, depende
(algumas usam máscara
ou um chicotinho)

pergunta:
- já conhece a casa?
- já veio na casa?

- sim, já.
(nessa não lembra
talvez não).

- 40 reais meia-hora
(depende, às vezes 50
ou ainda 70 reais)

- 70 reais uma hora
(isso varia e pode
chegar a 100 reais)

- você pode escolher
uma das meninas
hoje estamos em 6 meninas
mas somos mais.
(dependendo às vezes
chega a 11, 13 meninas)

o quarto é sempre
muito igual
lençóis que fingem
ser limpos, rançosos
algum detalhe de floreios
entre a barra da colcha
e das cortinas.

uns tem espelho
outros não.
a cama é de casal.
tem meninas bem
bonitas, tem mulheres
bem desagradáveis.

pergunta:
- primeira vez na casa?
- não (às vezes, sim já)
- já? ficou com qual menina?
- nome não lembro, era uma loirinha.
- ah, tá.
- qual seu nome?
- Samuel.
- e o seu? - Bruna. (às vezes Micaela
ou Carol)

tiram as roupas com pressa
dessa vez será meia-hora

ela diz:
- pagamento adiantado!

uma rápida alisada
pelo corpo do pau
e pelas bolas
(ele reage rápido e levanta)
então a garota põe rápido
e com destreza a camisinha
e começa a chupar

chupa rápido, mesmo ritmo
às vezes lambe
dos lados

logo em seguida sobe
e começa a cavalgar
da mesma forma
rápida e querendo se livrar
logo, para que goze
rápido e vá embora.

então mudam
a posição.
ele pede a ela
que fique de quatro.
penetra com força e elogia
sua bunda e seu piercing
pergunta porque não tem
uma tatuagem?

- dói. e também não faço
anal.
- ahn.
- e você tem uma tatuagem ...
o que é?
- é o Deus Pã.
- deus ... o que?
- Pã.
- o que significa?
- então ele conta pensando
naquele belo texto daquele escritor
que pouquíssima gente deve
conhecer ... o Jules Laforgue.
- ela ouve e gosta da história
da bela ninfa Siringe e do feio
e pauzudo Pã.

ele fica por cima e trepa
bem, ela gosta, geme.
então ele pede
para que ela fique por cima
solta, louca e liberta
ele goza. urra.

ela tira a camisinha.
e limpa o seu pau
com papel higiênico.

pergunta:
- quer tomar um banho?
- sim, quero.
(toma um banho
e percebe que o vaso sanitário
fica junto com o chuveiro
apertadíssimo e que mal cabe
seu corpo grande)

ele vai embora
e passa pela sala
cheia de putas feias
e gordas

estão entendiadas.

a que ele comeu era
pequeninha
uma gracinha
19 anos.
ela sorri.

ele sorri.

ele vai embora.

ponto.

claridade da rua.

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