4/20/2008

Do delírio

Eliana Pougy
Shiva, Ganesh
Hino-versículo-mantra
Esclarece
Revela a limitação, o alcance
Ilumina-(e)-me-clareia
Esse monte de nada, quebrada,
Essa curva
Essa estrada
O deserto coberto de mato, o cabelo
Movimento inexato,
O parto
- Repique -
Budas e orixás
Macumba-rito-oração
Cobre-me de luz, corroa
Desmancha a resistência passiva
O grito agudo, mudo
Estandarte
Arre
Divide ao meio, reparte
Risca o chão e separa o
Antes/
Depois
Faça-(o)-me-escolher
Encosta-me, parede
Cobre-me com suas asas
Toca sua lira
E a minha
Alcança o céu e me leva
Longe
Onde deuses fazem
Amar

Lois Lancaster
Entre figuras
Uma paralela se separa
Estando evidente
Enquanto grama me absorve
E isso, que em tudo fica
Planeja o passado pra morar.
Estrondei um grito
Esmigalhado em grilos
Tomando então célere fluxo,
Rápidos a estarem onde estão.
A dor doa
E se acha
Uma vala a insistir
Tomada por fósseis de estima.
Encanta a distância ao impacto
E germinar, lá chegando, como
Palafita na maré
Se torna premente
Ao olhar.
É a área constraída
Com cheiro, canteiros de cimento
Sólido
Pastoso
É saber que um dia vai se erguer
O grande buda fetal
De cada casa
Numa escultura sem arte -
Estarei no almoço
Um guincho entre figuras
Invadindo o restaurante
Como flecha de horizonte
Você.
Eliana Pougy e Lois Lancaster
Shiva, Ganesh
Entre figuras
Hino-versículo-mantra
Uma paralela se separa
Esclarece
Estando evidente
Revela a limitação, o alcance
Enquanto grama me absorve
Ilumina-(e)-me-clareia
E isso, que em tudo fica
Esse monte de nada, quebrada,
Planeja o passado pra morar.
Essa curva
Estrondei um grito
Essa estrada
Esmigalhado em grilos
O deserto coberto de mato, o cabelo
Tomando então célere fluxo,
Movimento inexato,
Rápidos a estarem onde estão.
O parto
A dor doa
Repique
E se acha
Budas e orixás
Uma vala a insistir
Macumba-rito-oração
Tomada por fósseis de estima.
Cobre-me de luz, corroa
Encanta a distância ao impacto
Desmancha a resistência passiva
E germinar, lá chegando, como
O grito agudo, mudo
Palafita na maré
Estandarte
Se torna premente
Arre
Ao olhar.
Divide ao meio, reparte
É a área constraída
Risca o chão e separa o
Com cheiro, canteiros de cimento
Antes/
Sólido
Depois
Pastoso
Faça-(o)-me-escolher
É saber que um dia vai se erguer
Encosta-me, parede
O grande buda fetal
Cobre-me com suas asas
De cada casa
Toca sua lira
Numa escultura sem arte -
E a minha
Estarei no almoço
Alcança o céu e me leva
Um guincho entre figuras
Longe
Invadindo o restaurante
Onde deuses fazem
Como flecha de horizonte
Amar
Você.

2 comentários:

Aldemar Norek disse...

ficou bacana o modo como os poemas se entrelaçam, e tomam novo sentido.

gostei muito da potência de alguns versos - "planeja o passado para morar","rápidos a estarem onde estão", "estarei no almoço/um guincho entre figuras/invadindo o restaurante/etc.".

uma parte tem relação com H.Hilst tbm?

bjs/abs

Eliana Pougy disse...

Oi Norek, este poema é do Palmyra, sabe? Aquele romance que escrevi com o Lois. Sim, tem a ver com Hilda, eu adoro as poesias dela.