Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
9/30/2008
nº 86
Cidades são reais, o pensamento
não se sabe, cidades são
reais, meu chapa, sejam fossas
geladas ou panelas de pressão, chapa quente,
tanto faz, ruas emaranhadas ou largas
avenidas, são labirintos (“algumas toneladas
de pedras ao alto”, ele disse)
porque espelham o que se forma
por dentro por precipitação (aqui você
repete o delírio recorrente
de encontrar explicação
onde não existe, de arremessar fora de si
a paisagem da imaginação – não, estas
paredes que o pensamento ergueu
por dentro são outra
formulação alucinada
do seu desespero, o mesmo
que arriscou metamorfoses, uma
atrás da outra, até
desembocar no espanto de ser
outra vez não mais que o mesmo
do princípio).
(das "Notas Marginais")
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2 comentários:
São reais, meu chapa.
Já estava sentindo falta de ler esse blog. Ainda bem que passei aqui hoje.
Fala, Bruna! Tudo bem? Como vão as leituras?
Obrigado por ter vindo.
bjs
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