11/06/2007

Novo Pequeno Dicionário das Aproximações

Idiota (s.m.)
Pode ser você, ou não. Se você acha que não é, muito provavelmente é; se sabe que não é, ainda assim corre grande risco, porque entre achar e saber o limite é nebuloso: tem gente que acha que sabe quando apenas acha, e tem gente que sabe mas acha que não sabe e às vezes até com razão. Para todos estes casos só a ajuda de Deus, que a gente acha que existe. ( O autor destas linhas não se exclui, em absoluto, desta categoria – afinal, entre achar e saber, etc.).

Maluco (s.m.)
É você, naquele exato momento em que está acreditando em alguma coisa, qualquer coisa. Se esta afirmativa o incomodou, relaxe: são muitos os malucos e talvez todo mundo o seja por mais ou menos tempo.

Miragem (s.f.)
Tudo aquilo que você ama, ou amou. As miragens têm a incrível propriedade de se travestir em coisas sólidas, palpáveis, reais. Mas são miragens. Talvez você também seja uma.

3 comentários:

Daniel F disse...

Oi Aldemar, Riobaldo deu de dez a zero em Sócrates quando disse que "eu quase que nada não sei, mas desconfio de muita coisa".

Quanto ao Idiota: amo os idiotas da literatura, e como a literatura é continuação da vida por outros meios... O Príncipe Michkin não lembro se é assim que escreve descobriu que dar a outra face era ainda pior, mais agressivo, do que revidar. Sei lá, mas o Dost era muito religioso, acreditava em redenção. Outra figura que me atrai é o bobo da corte (por isso achei uma merda um conto do Mauro Mendes em cronopios): ele perdeu de vista que o bobo da corte sabe das coisas, não sabe que sabe mas diz as coisas sem querer, na hora certa.

Aldemar Norek disse...

Pois é, mas às vezes a gente se sente só bobo mesmo, sem a corte e sem a sabedoria - ou idiota. Será que no fundo disso tem mesmo alguma sabedoria? Ou a sabedoria está no meio das coisas que não importam?
abração

Anônimo disse...

Olá, Daniel, eu também acho interessantíssima a figura do bobo! Só que, no meu conto, "A balada do Merlin", a figura central é mesmo a do menestrel, a do feiticeiro e, por isto, o bobo tinha que, 'momentaneamente', sair de cena. Mas sai sendo respeitado, (o bobo não é bobo, como o próprio rei diz no conto),sai dando cambalhotas e fazendo caretas pro rei, coisa a que só o bobo tem direito, etc. Acho que você se apegou a um detalhe e não percebeu a mensagem que eu quis passar, o que é uma pena. No mais, achar o meu conto uma merda é um direito seu, não me aborrece nem um pouco.

Mauro Mendes