
encerrado no corpo
encapsulado
também preso à carceragem do Tempo
- a pele (limite úmido e quente com o mundo)
rasgada pelos grafitos do acaso
rasuras arabescos (e
toda subtração
que as provisões do que há por dentro possam suportar)
a pele percebe que você quer sair - e lhe contém.
(tem a ver com a raiva do corpo:
só o corpo odeia com a impureza de um hormônio
e ama com a mesma impureza
- a alma contaminada nem gravita em torno
com uma vaga impressão
daquilo que se apreende
ao Universo torto:
consciência é distorção)
foi nos becos sujos desta alma (ou corpo?)
que falanges de anjos excluídos de olhar vago
fortemente armados
sitiaram os desejos os projetos
num último bonde antes do apocalipse
entre projéteis
e um deles (o que sorria)
olho no olho
esculachou:
perdeu maluco
perdeu
encerrado no corpo
o mundo é o que lhe foi amputado
e dói
5 comentários:
Muito legal. Essa questão do ódio e do amor do corpo, a inclusão do "perdeu"... essa gíria é muito boa. Me remete às relações entre "to lose" e "to miss", a perda espacial e a perda temporal.
Às vezes me sinto um parnasiano no meio de vocês :P
Muito bom Aldemar! é aquele sobre o duplo que você tinha falado?
este mesmo. fiz estes dias. o primeiro poema novo que posto aqui.
valeu, Löis. Tem uma ginga da fala que a gente persegue - o arabesco da fala é muito sinuoso. Mas às vezes a gente se aproxima.
É verdade, a fala é uma da músicas que o texto se engrandece quando persegue. O seu alcançou! :)
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