12/17/2006

Nau














Há todo um oceano
em mim.

Em cada ato,
falho,
os erros e acertos,
os ecos silenciados,
as insinuações.

Quando eu grito,
um índio implora.

Quando eu sussurro,
mais um risco se desenha
na pele do aborígene.

Quando eu gemo,
um negro escorre
pelas savanas escuras.

Quando eu me aquieto,
outro indiano afunda
inerte, no Yamuna.

Nada mais me resta,
a não ser
mentir.

Velas içadas sob as ondas:

Meus olhos
revirados
são.

2 comentários:

Daniel F disse...

Eliana, que bom te ver por aqui! Sobre esse lance da mentira-no-poema, gostei muito :). Depois que vi aquele filme O Grande Truque que você sugeriu, me lembrei daquela música do Caetano (esse disco novo Cê é muito ruim, não comprem...) - "Você diz a verdade, a verdade é seu dom de iludir etc". Acho que seu poema é por aí né? Estou certo? Um beijo,

Eliana Pougy disse...

Sabe que eu não sei? Às vezes, as palavras saem, simplesmente. Achei que esse poema é meio dois em um, tem dois poemas misturados aí. Beijo!