11/12/2006

língua doze

VIAJOR


Finges que vens daí, ferida.
E me estendo nas pálpebras das folhas,
e no longo estrondo de minha dor.

Já não há gritos. O rouxinol entreolha
meu rubro rio. E ri. Duas facadas.

E de ventos grises me retalho.
Horas que se acortinam,
naufrágios que há muito desembaraço.

Teces, aracne, próximo às sobrancelhas
de meu leito, para que junto
às paredes eu mereça minha loucura e minhas asas.

Amor, meu coração é um brinquedo do Diabo.


(do livro O Amor Duplo e o Desespero das Águas)

Um comentário:

Eliana Pougy disse...

Belíssimo.