11/16/2006

A morte do leitor

vento frio
é coisa sólida
contra a pele.
cada lágrima
gota de sal,
sol e chuva,
parecem fantasmas
as meninas de Campinas.

é em mim, contra mim,
a partir de qualquer coisa em mim
que o frio é assim?

*

pra quem falo
e me calo?
se me calo
há um desdito,
um mandamento implícito
de silenciamento?
entre o silêncio e o reles
e barato cala-te boca?
o que se manifesta
quando o falo o que falo,
pra você não sei
quem
por quem
falo e me calo.

4 comentários:

Masé Lemos disse...

o tal sujeito não se sujeita muito

Daniel F disse...

Pois é Masé. Acho que essa aposta ainda vale a pena. O "quem" e não o "quê" você é. Mas não é fácil né? Beijo.

Eliana Pougy disse...

Então, só que você não tem controle nenhum desse processo. Encare.

Daniel F disse...

Por isso o poema é feito de perguntas. Querida Eliana, você não viu os pontos de interrogação? Um, o que é indagado pelo poema, é o Leitor dos mandamentos, o Juiz, o Morto, o Tribuno, o Convicto. Esse eu não controlo, mas quero distância. O outro, da parte final é "quem", que não controlo, e que peço que me perturbe, não que me Objetive. ;)