11/18/2006

O ensino superior particular no Brasil - impressões.

Num mar creme vertical de calafate, a brecha. Um descuidar meu pacato no batente, tirando o resto pra centro, do extrato de atenção. E logo ali, é só notar, a massa negra repousa as vontades de todas suas patas, na altura do branco dos olhos.

Sua presença de inseto, instantânea ao susto, apenas finge se esquivar com minha ida ao banheiro, que nada faz esguichar numa tensão dessas, como se o besouro estivesse em minha casa, e no esforço de mudar de cômodo residisse um esconjuro do problema, pra não ter de lidar. Mas qual que isso funciona! Ao de novo abrir a entrada, após a quixotesca rinha mental contra um anônimo basculado pela porta da latrina que insistia em estragar via assovio o tema dos oompa-loompa, não podia dar outra:

Continua lá, lânguida e demonstruosa em sua rede de apoios esquálidos, que prodígio, mulher em treliças, a carapaça dos cabelos cascateando até a foz da cintura. Encara-me como a um aluno:

— Tem turma pra sair daí?
— Se você chama de turma o vultoso montante de um.
— Pois você no caso entra, não é isso?
— Entro pra continuar mantendo aluno um, quero ver contudo se talvez não, estou voltando aqui do reservado mas ele pode ter partido.
— Não, tem alguém aí dentro. E que me disse o que, sem detalhe, me abandonou contudo ao justo agora de entender: você dá aula, não recebe.
— Sim, com efeito, e mais se considerarmos ainda o numerário onerante enquanto atrasado. Por isso quem lhe disse mantém o índice.
— Laura, muito prazer.

E mais bastam duas ou três frases de gesto para o alheio a engolir entre as paredes e seus efeitos.

3 comentários:

Daniel F disse...

Caramba!! Em Brasília é igualzinho... :D Teve uma coordenadora que decora frases de roteiristas de desastres aéreos. E teve um que coleciona todos os e-mails existentes no Universo, uma das várias personificações de Maria Bentham... RAIOS!!

Eliana Pougy disse...

Que diferença faz, um, dez, cem. Aula não se dá: é ensaio do pensamento.

Haemocytometer Metzengerstein disse...

Caramba, muito bons os comentários de vocês! Estou vendo o texto de outro modo agora :D A mulher em treliças, na prática, era uma aluna :)