Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
12/28/2009
12/26/2009
12/24/2009
Poema de Natal
O vazio reina solitário entre lisos e estriadas noites
Angústias coloridas
È natal
Ainda antes de dormir
A embriaguez passou
É muito ruim dormir lúcido e solitário no natal
A morte materna se aproxima
Uma ópera, uma ostra e um sonho podem me tranqüilizar?
Eu quero?
Tento ler: nada!
Só me resta, novamente, tentar poetar
No meu caso a escrita é sempre um dor nômade de parcos resultados
Mas continuo
É um exorcismo onde algumas palavras se salvam!
Ser-para-a-morte e ser-para-a-vida
(Escuto gritos na rua: alguns embriagados)
Deixar luminosa a lua fortuna?
Me valeu um ou dois sorrisos e carinhos das crianças que vi!
Queria estar alegre!
Não estou triste
Mas, a melancolia me chamou para deitar
Também queria morrer aprendendo
A tocar uma ária.
"Natal sem Cristo", com Samuel Rawet*
“Técnicos da usura, tais se tornaram em quase toda parte por um processo de especialização quase biológica, que lhes parece ter aguçado o perfil no de ave de rapina, a mímica em constantes gestos de aquisição e posse, as mãos em garras incapazes de semear e de criar.”
De acordo com os testemunhos de Rawet, sua relação pessoal com a condição judia não era tranqüila. Se ele herdara as marcas do estigma e não tinha como se livrar delas, por outro lado, Rawet não se dava bem com a vitimização da comunidade judaica. Para o escritor, o sacrifício não era prova de santidade, muito menos de predestinação de povo escolhido. Em suas próprias palavras:
“Meu maior conflito, e não sei se isso me enriquece ou empobrece, é pessoal e ligado à minha condição de judeu, ou de ex-judeu, que mandou o judaísmo e a ambiência judaica às favas. De repente percebi que estava sendo vítima de minha própria chantagem afetiva: o judeu, a eterna vítima das perseguições injustas, o mártir do nazismo alemão, o horror dos campos de concentração, etc..., etc....”
A partir da tensão entre sua identidade, sua história pessoal e familiar de imigrante polonês perdido no Brasil e depois em Brasília, e o desejo de se libertar tanto do estigma quanto da aura de vítima, Rawet escreveu uma série de contos. Um dos mais ricos é “Natal sem Cristo”, publicado em Diálogo, no ano de 1963. É a história de uma ceia de natal, promovida por uma família brasileira. A história é contada na perspectiva de um judeu presente à comemoração, Nehemias Goldemnberg.
Nehemias queria apagar os seus laços com a tradição, procurando o esquecimento absoluto. Seu desejo de libertação residia na esperança da perda da identidade. Desejo travado em primeiro lugar pela falta de controle sobre seu próprio mundo interior, que trazia o peso dos pesadelos conhecidos como História. Mas o drama de Nehemias não era apenas íntimo, psicológico. Ele era marcado pela presença dos outros, vivos e mortos. Outros que durante a ceia de Natal elegeram a questão judaica como tema de conversa.
A discussão se passaria diante de um Nehemias calado, “diante do Cristo eternizado no espasmo da última dor terrena.” Um dos presentes, Luís, um político iniciante, elogiava a simpatia e o senso político aguçado dos judeus, citando enfaticamente nomes como os de Disraeli, Rotschild e Marx. Albino, importador e representante de empresas norte-americanas, elogiava-lhes a argúcia financeira. A situação era insuportável para Nehemias. Nada mais incontornável do que o preconceito escondido nos elogios, que reafirmavam sua condição de pessoa excepcional.
Porém, num dado momento, os elogios foram interrompidos pela ingênua Lenita, com a seguinte pergunta: “-Mas não foram os judeus que mataram Cristo, papai?”. Somente a partir daí os participantes da ceia começaram a notar o incômodo da presença de Nehemias, tentando desfazer o nó criado pela ingenuidade da criança. Num momento tragicômico, Malu diria a Nehemias que ele nem sequer parecia um judeu, uma vez que estava comendo leitão.
Nehemias se tornou ainda mais introspectivo, fixando seu olhar no Cristo crucificado. Eternamente em agonia, Jesus era a representação de uma vítima que se apresentava para a humanidade como bode expiatório. Não o Messias, mas a vítima de um equívoco, uma pessoa comum santificada pela brutalidade alheia. Equívoco que aproximava Cristo e o judeu, na corrente da memória celebrada naquela noite de natal. Os dois eram ornamentações cruéis para o cotidiano banal. Escolhidos aleatoriamente para figurarem como faces extremas das agressões corriqueiras, banais e irrelevantes de uma família qualquer.
Pós-escrito: Se posso ter a ousadia de chamar alguma coisa de obra-prima, reservo o termo para outro conto de Rawet, “O terreno de uma polegada quadrada”. A última frase do conto diz que Deus está no futuro. Não penso nisso como a promessa de um Apocalipse, mas sim como a possibilidade de despertarmos do pesadelo, no dia em que nos tornaremos finalmente seres sem-identidade, em que a máquina de violência que criamos será interrompida.
12/21/2009
Elegia ao CPF defunto
os CPFs dos mortos?
Números cheios de júbilo
ou vergonha,
às vezes rodas metálicas dentadas,
ou orgânicos e doloridos dentes finos e afiados
de quando em quando números mordidos, dilacerados
em praça pública, agora
calados – eles que foram como retratos
abstratos de nossos dorians grays interiores,
eles que gozaram e nunca souberam
o motivo do gozo, eles que brincaram
como bichinhos de estimação ao teu redor, eles que franquearam
o acesso a todo tipo de comida e embriaguez,
eles que se exibiram na tua indignidade
diante de todos, na loja de filtros, na cia
telefônica, no self service – carapuças
tão ajustadas ao nosso ego quanto o elmo
de dom quixote, logins para o id, do id –
o login da sua identidade, e estes números
não, estes números têm cu
e podem cagar sobre o meu nome
como perversas consciências morais.
Pra onde vão estes números ;
a seqüência singular e sua aura–
pode a distância entre duas estrelas e a terra
ser a mesma, pode se repetir
a combinação de um sorteio lotérico,
mas o CPF não, ele é tão exclusivo quanto você
e seu cadáver e seus algarismos,
onde vão parar estes não mortos,
exatamente, mas indisponíveis
números melancólicos, esquecidos
ou, pior, transplantados por vis falsários
que recorrem às imunidades dos zumbis
até se tornarem alvo fácil e rotineiro das perseguições
policiais e das risadas de um William Bonner qualquer.
E aquela combinação
única, aquele encaixe perfeito
e memorizável de uns e oitos e cincos não tem mais uso
e o mais absurdo: não morre na mesma hora que o morto
vai mais tarde, depois das últimas transferências
nas derradeiras seqüelas das heranças
nos últimos giros bancários, nos registros
que pulam, rodam, tremem no pós-morte como corpos de galinhas
recém-decepadas.
Sim, onde irão parar
O meu e o teu CPF quando tua e minha alma
Nada forem além de carniças? Em meus sonhos
vejo a vida secreta do guardião
amoroso dos números perdidos
por excesso de delicadeza, sua pele
tem um tom esverdeado, seus olhos são sensíveis
à luz, ele habita o arquivo morto, tem uma relação
erótica com as manivelas que movimentam
as estantes, sabe onde estão os velhos
enfeites de natal e nos feriados os usa no pescoço
como colares havaianos, domina os registros de compra
de umidificadores pra residência do senhor ministro,
e, claro, lembra de cor e salteado
onde jazem, inertes, os CPFs dos falecidos
indivíduos,
porque a Ordem
repudia dois raios que caem no mesmo lugar
defenestra irmãos siameses
impõe aos números uma vida limitada
mortal e antinatural, tal como
a de seus proprietários, a Ordem, meus senhores,
exige o tempo irreversível.
12/17/2009
(caim matou abel)
Tudo o que se repete
se perde.
Um sorriso repentino
guardado nos olhos
é como a sombra do não-acontecido
como se as pálpebras fossem pétalas
guardando um gesto delicado
contra a mesma a mesma e a mesma
cidade petrificada em branco.
Sol e chuva compõem um clima de sonho,
em que um anjo daria coca-cola a um escravo
ou vice-versa, em play e replay,
como se existissem anjos na rede
e eles habitassem em silêncio
o vazio de um espelho (onde o tempo
não passa, não se paralisa, não parte):
um detalhe a mais ou a menos não permitiria
que a imagem abstraísse o desejo
e se encontrasse plena de si e de pedra.
Tudo o que se repete se perde:
Voltar a um gesto que passa
E se apaga é como partir
Ao mesmo sonho, ao mesmo lugar vazio
Que nunca se repete porque é sempre
O primeiro, mais uma vez esquecido.
12/10/2009
Um novo busto pra entrar pra história
De sangue e madeira,
Sangue coletado na resina
Da árvore sem folhas
Onde se amarravam corpos
Vivos quase mortos.
2.
A síndrome, o desmaio
A convulsão iminente,
Nosferatu te flagra
Na hora do jantar, a coleção
De ratos empilhados ao ritmo
Do bate-estaca,
Os olhos de Ozymandias
Ao molho pardo.
3.
Como cravar dentes na jugular
De um leviatã?
4.
JK reencarna Akhenaton
Encarna o disk-joquei holográfico
No pequeno fascismo requentado
Servido num self-service
Desenhado por Oscar Niemeyer.
5.
No cerrado, as baratas
Também doam sangue.
6.
Costa e Silva assinou
O AI-5, assinatura-mãe no
Tempo dos assassinos teria
Usado a mesma caneta-tinteiro
Do ato inaugural
De um Unindentified Flying Object, cu-
jo condutor não é nenhuma
Isabelle Adjani.
7.
Tinta de resina
De velhas feridas,
Bálsamo coagulado, sangue
Azul, de barata arrotando
URP!
12/02/2009
Heráldica do Covil das Figuras Insignes
Tristonho de gerente de bingo abduzido, sobre uma pilha
De livros que de fato são crachás porque os títulos
Das lombadas são marcos:
Coordenador do Rondó das Armadilhas
Condutor das Vítimas do Destempero
Mestre Sala das Siglas
Auditor Oficial dos Signos Alheios
Um traçado sinuoso nos livros sujos designa a escalada
Do pequeno godzilla.
Sua pança estufada, arrotos e peidos contendo verbos que são verbas prestes a explodir. O pequeno godzilla vai vomitar tanto que vai virar do avesso, vomitando-se a si mesmo, expelindo signos ao alto como se uma biblioteca sofresse um atentado terrorista. Ouve-se um grito partindo do emblema, mas não como no famoso quadro, é o grito de alguém que foi ao cabeleireiro e ficou insatisfeito com o resultado, é o grito implícito no sorriso que sublinha os argumentos de autoridade, é o grito de indignação perante um big mac sem picles, é o grito agudo de uma professora de química meio desequilibrada devido aos abusos da tabela periódica.
11/25/2009
Entre o alcool e a paixão
Uma janela q se abre
Vôo
Voa
Palavras vão e vêm
Em minha embriagues cibeenética: ortografia molecular
moleculino em meus germes, germinando e minando:
vejo a tempestade de outrora do campo de hoje
outrora outras auroras que renasceram
vivo e vejo a paz da guerra
flagro o fato de hoje estar em um transito fluido e translucido
desapaixado e por isso imerso em pérolas ruminescas: mergulhos no vendával:
filmes de paraplégicos a dançar a valsa com Bahshir:
não pude ver o presidente do Irã mas ouvi falar do genocídio armênio
em meu ser bombas são feitas em israel,
mas o que me interessa são
os grilos silenciosos em montanhas falantes
Delirios dos lírios do ser
É assim q as palavras nascem: alcool e paixão
Paixão pelo silêncio
Paixão pelo som
Paixão simplesmente
Paixão sentimento renegado mas amado
a viver a utopia dos sem utopias em busca de heterotopias
na falta delas vou mijar em minha pia
(não tenho mais pinico)
11/21/2009
Por que o homem fala?
do estômago, da garganta
profunda de um deus demitido
que arranca as palavras
com a presteza de um alicate em seus dentes
num consultório, não,
num campo de refugiados.
Da carência
exuberante, do complexo
de onipotência, do anestésico
que separa os sentidos
feridos da dor sem motivo
da língua solta, do bom dia
aos cavalos, do zumbido dos mosquitos
engolidos, do faça-se a luz como
falo mal, falo bem, mas falo de mim
do preço do silêncio
da ausência de pálpebras na orelha
de um deus cuja teologia
reside em termos técnicos
como puro
diencéfalo e siringe.
11/12/2009
11/08/2009
Espelho
11/07/2009
de espelho líquido.
Os intermináveis gestos
opacos
da cidade que se joga
sobre os meus braços
como chuva
de cacos de vidro
meus olhos que afloram
como bolhas
de um lago translúcido.
o reflexo do seu sorriso
com uma gérbera no espelho
do elevador vazio.
Embriagar-se de vermelho
dos sinais, ser menos
o anônimo das ruas
rasgar a pele e tatuar o vento,
sumir do mapa –
um projeto de lucidez
infalível.
11/04/2009
no espelho
sobre o tempo, perceba que ainda uma outra
vez ele passou de vez sem que você
soubesse que a chance de dizer as poucas
coisas que lhe foram caras, na esperança
vaga de que tais palavras sustentadas
pelo poema possam, em sua dança,
tatuar num outro corpo a mesma marca,
está perdida: o mundo segue algum
desvio, desesperos portáteis, vãos,
gomorras sem o olhar de um deus, distopia
e corrosão do século vinte e um,
dessublimações, falsa anunciação
que lhe afunda em soul, sexo e melancolia.
10/31/2009
A Brtelecom fez um drink com meus colhões
O toque especial dos veios labirínticos, não são pedras de gelo, são palavras, diz a medusa oxidada, não é o vazio, são os caminhos cruzados diz a spicy pitonisa com sangue amargo de campari, bebida dos infernos enfiada por meio de um funil em tua goela, entendemos o seu sofrimento mas o drink não fica pronto sem o seu nome completo e depois de vinte dias inúteis.
Por enquanto suspendemos o calendário, meu nome é Jessica, Cassandra, Górgone estagiária, os verdadeiros filhosdaputa ensacam lombrigas em pacotes de miojo, se o senhor não estiver satisfeito podemos usar as bolas no tênis de mesa, mudar de jogo, quem sabe as suas bolas não ganharam vida própria num lance tipo assim second life e foram elas que sopraram em nossos ouvidos essa porra toda, mas que o senhor fez alguma coisa, fez, o senhor acha que agimos por acaso?
As bolas ligadas por um fio darão um belo fone de ouvido, entendo sua situação é mesmo chato mas no momento precisamos das bolas, como ouviríamos as suas lamentações sem sentido, o senhor está acompanhando o raciocínio, o senhor conhece a piada das duas bolinhas vermelhas de pingue pongue?
10/30/2009
Frutos e Viagens
Fui na cartomante
E ela me disse que algo aconteceria
O acontecer acontecido
Uma viagem desconhecida: rumo a mares, profundeza
Palhaçada
Entre rios e mares: um palhaço
Pirulito ele se chamava
Pirulitando fui rumo ao norte: sem norte
De volta ao centro-
Sul
Um encontro reencontrado do norte
Faz algum tempo
Desta ventura, desventura: uma vereda se abriu
Uma vida nasceu: faz onze anos
30/10/1998
10/29/2009
Da saudade e da vida amiga
ir e vir:
conciliar já deu golpe de estado
conciliar, reparar, articular: janus
ho Deus da janela, do entre-dentro
não há como agradeçer o ser
ser sendo indo e sendo mundo
estado e estabilidade provisória
o foda é reconciliar com o ciclos
e com o signo: consigo
clivagens do ser: a vida
enfim, a vida é uma eterna amizade
no fim a amizade é o que vale
as penas e a pena
10/27/2009
10/21/2009
10/19/2009
paradise park prayer
- descer da ilusão como quem sai de um trem lotado na estação subterrânea
- dar saltos mortais ao redor do próprio centro incerto sem um traço de vertigem
- esperar do espírito as alegrias do corpo e do corpo as do espírito
- esperar que no fim das contas exista isso a que chamam espírito
- comprar um bilhete sem volta pra Pasárgada sabendo que ela não existe
- colecionar desastres como borboletas secas presas por um alfinete torto
- arrancar a metafísica como um gânglio supurado
- nunca mais olhar no retrovisor
- quebrar o retrovisor
- restar na periferia e não se importar com isso porque este cu do mundo é o seu centro
- falar sempre em dialeto feito um hipopótamo sozinho na piscina do zoológico
- conversar com as paredes esperando sinceramente que elas respondam
- acreditar em respostas
- acreditar em alguma coisa apesar dos fatos
- expelir sua profundidade como um vômito sobre a superfície absoluta de tudo
- abortar a melancolia como tinta negra nas superfícies que forem brancas
- acordar de vez a fera no labirinto do corpo só para medir forças com ela
- andar a prumo sobre um mundo que gira em falso
- se o chão desaparecer agarrar-se pelo pescoço à corda das certezas
10/17/2009
3 anos
10/12/2009
no além do labirinto
(para a.c.l.)
‘Agora o mar, um útero, me aguarda
gelado, e o choque logo transformado
em asfixia ( e dela, num só passo
áspero e rápido, ao balé que as algas
fantasmagóricas desenham na água)
não assusta, nem antes o sol claro
contra o azul infinito recortado
com seu halo, nem a visão das vagas
e das terras ao longe que eu tanto
quis um dia conhecer, nem a brisa
que do calor do sol me distraía.’
Tudo isso pensava ontem quando
olhava seu rosto e algo me vinha
do futuro, num susto, e você ria.
10/03/2009
Álbum Gótico
3.
Afiando a barba e o siso até o cenho
mordo a navalha e o corte. Não recordem
as pregas duvidosas em desordem
nem essa boca rude que mantenho
bem distante do riso. Sombra nova
flui, não recua em cima da distância.
Sou, algo mais de dentro para a ânsia:
Só folhas soltas, vida antes da prova.
Na sisudez alada dos espelhos
modelo a situação com poeira interna,
não encho meus defeitos com conselhos.
Ah, treme no pavio a falta acesa
do inverno por faltar idéia eterna
(nessa pastagem branca) como presa.
(C. Ronald, em Caro Rimbaud, 2006)
10/01/2009
Da série Amérika. Aproximação a Democracy de Leonard Cohen
Daquelas noites na Praça da Paz.
Vem da clara sensação
De que nada é real
Ou é real mas não está onde está,
Das guerras contra a desordem
Das sirenes noite e dia
Das fogueiras dos mendigos
Das cinzas dos fodidos:
A democracia está chegando aos Estados Unidos.
Por uma rachadura no muro
Num fluxo visionário de álcool
Pela exegese insana
Do Sermão da Montanha
De que não finjo entender o sentido.
Está vindo no silêncio
Do cais da beira-mar
Pelo bravo, boçal, embrutecido
Coração de um Hummer
A democracia está chegando aos Estados Unidos.
Está vindo na tristeza das praças
Dos templos onde se encontram as raças,
Com o filho da puta homicida
Que vai a cada cozinha
Determinar quem serve, quem come a bagaça.
Pela aceitação resignada
Onde mulheres se ajoelham aos domingos
Pela graça de Deus nos desertos
E pelos desertos infinitos
A democracia está chegando aos Estados Unidos.
Navegue, navegue
Sagrado Navio do Estado
Para as Praias das Finanças
Aos Recifes da Ganância
Pelos ódios e seus gritos
Navegue.
Chega à América como um pioneiro
O berço do melhor e do pior
Aqui estão os engenheiros
Da maquinaria do progresso
Aqui se tem a sede do espírito
E aqui a família se tem de regresso
E pede sua nova inscrição
Aqui os solitários perdidos
Dizem que o coração deve se abrir
De um modo definitivo.
A democracia está chegando aos Estados Unidos.
Está vindo nas mulheres e nos homens
Baby, faremos amor outra vez
E faremos tão profundamente
Que o rio vai chorar
E as montanhas dirão amém.
Está vindo tal como o mar
Pela força da lua é movido
Imperial, misterioso,
As águas amorosas subindo.
A democracia está chegando aos Estados Unidos.
Sou sentimental, se é que você me entende
Amo o país, não sei o que vem pela frente
E não quero provar nada
Ficarei mais uma noite em casa
Sob a pequena tela desesperada
Mas sou teimoso como os montes de lixo
Que o tempo não degrada
Ando meio entorpecido
Mas tenho comigo
Um buquê de flores não domesticadas:
A democracia está chegando aos Estados Unidos.
9/25/2009
A flor do pequi e as crianças
Vem o sol e vem a chuva
E os pingos da chuva a cantar cintilantemente
É primavera: o amor se mostra
Vem a nuvem e as flores
E os pingos de doces lágrimas
Uma criança a sorrir
Uma criança a nascer
Uma criança a brincar
Uma criança a dançar
Ela brinca de jogar para o alto
Ela brinca com o alto
E com a força que vem do alto
Ela joga a flor do pequizeiro
Ela brinca com a flor que cai
Para o fruto desabrochar
Ela brinca de ser feliz
9/17/2009
Welcome Mr Ego
2. A falta de classe
é o motor da história.
3. O eu não é senhor
No seu condomínio fechado.
4. Sun Tzu e Bill Gates
subindo a ladeira.
5. Walter Benjamin era um sujeito
Diferenciado.
6. Um cantinho
e um violão.
7. Um laptop
e a Arte da Guerra
8. Um estilo
e um reconhecimento.
9. Uma casa
no second life,
um avatar,
um cartão de crédito
e nada mais.
10. Um tipo assim na mão
E um otimismo na cabeça.
11. É sempre bom lembrar
Que um pastel vazio
Está cheio de ar.
(depois de ouvir Gilberto Gil na propaganda do Pão de Açúcar)
12. etc etc etc
9/09/2009
Jesus plastificado
Como um galã esquecido
Dos filmes de sábado à noite,
Com o charme dos fumadores de haxixe,
Num convite estendido
Na pintura desbotada, azul.
A orquídea se faz passar
Por um bêbado que se emociona
Em lágrimas de cerveja
E se esquece da severidade imposta
Pela vida de imigrante e office boy
Ex-morador do zoológico de Brasília.
Atônitas, crianças
Que medem a distância das estrelas
Correndo com lanternas
Lêem Mein Kampf nos bueiros,
Livro em que a palavra
Deus é repetida mais de vinte vezes
Pelo autor que só tinha um testículo
(As crianças precisam atestar
O mal frente à inocência
Despetalada a cada dia):
As orquídeas colonizaram o mundo
Por meio de disfarces:
A imitação imperfeita
Das flores
Desdobra primaveras.
9/07/2009
8/31/2009
8/29/2009
gaveta
Vae solis
8/25/2009
Oração a Oito-Olhos do Ventre Consolidado
Estrada bêbada entre o Itariri e o Sítio do Conde
Ó coqueiro onde ficaram os dentes
Do casal jogado com força pelo triciclo
Abafando as férias de janeiro.
Ó pinto de anjo, cara da marmanjo,
Engrenagem vazia feita por tubulações
Que são corpos de crianças, ó divina
Máquina de xérox.
Ó ti que quando escutas a palavra cultura vai logo sacando o seu re-
método, como remédio das cólicas bucólicas das ilhas da fantasia
Ó dentes presos na palavra
Globalização.
Ó invólucro sutil e crítico da escrita como álibi perfeito
Mastigador de tudo o que vomitas nas tubulações
Sob a forma de cloro pra que as famílias tenham hálito puro
Numa tese sobre o leite negro de Paul Celan e o preço abusivo
Das pousadas com piscina de água quente.
Ó conceitos misturados com método numa pedra de gelo
Numa dose de natu nobilis pras conversas sobre luto e melancolia
Nos hotéis que são o que resta dos colóquios
Sobre a guerra, as greves e a violência urbana e o conflito
Das notas de rodapé de barro vestidas como gerentes de bingo.
Ó cativador de calouros, promotor de trotes sob anestésico,
Que em tua larga mala carrega o saber como se fosse um bloco de concreto,
Vergado pelos sacrifícios de pasta dente e pelos exames
De fezes, Abençoa o meu currículo
E os meus furúnculos.
8/23/2009
escuto a conversa aheia
alheio a tudo e a todos no meio narcismo egoico esgoísta: triste e alegre ando com essa descoberta
contemplo o tempo
em minha angústias e minha rimas ruins
pq insisto em escrever?
expectador de mim mesmo
em busca de minha tragédia e comédia
rindo, bebendo e amando sem mim mesmo: fragmentado, desunido.
neste tear não há
na falta do que fazer: simplesmente escrevo, por escrever
para deixar a alma passar
na falta do que fazer: simplesmete bebo um chopp e mando um msg de celular.
em minha falta procuro preencher ou contemplar meus vazios
vazios de um relevo desconhecido, sempre (des)conhecido
Escravo pq minha alma pede (e perde algo).
Perco palavras, lanço palavras com e sem sentindos.
Lógicas ilógicas com e sem sentidos.
Do sentido de minha frágil sensibilidade.
o álcool não é suficiente.
o sexo não é suficiente.
a música não é sufiente.
insuficiencias do inacabamento terreno.
nos territórios dos versos pro(s)zados pro(s)zeio comigo mesmo
a espera
o verso me chama, clamai por nós os pecadores: agora e na hora
nessa escatologia versada: rezo e renasço.
essa chama já é e está
para que eu possa continuar descontinuamente minha pro(s)za (com z é mais bonito)
meu rio a esperar
a nova esperança
a esperar um novo amor
poetando e poetizando
a existência e o ser
nas vagas poéticas
8/20/2009
eu queria te dizer
eu queria te dizer
_______________
eu queria te dizer
assim
simples assim
como um poema do Bukovski
para que tu
não te fosses
e tu me verias
esticado
a boca aberta
num grito em pleno
mundo
o desespero só
como numa pintura
de Hieronymus Bosch
eu queria te dizer
mas eu
não sei dizer
mas mesmo
assim
eu queria
ou te demonstrar
em romaria
meu olhar meu olhar
o verde
platina
caído pelas bordas
eu queria te dizer
de alguma forma
como as bolhas
de sabão
e as de champanhe
são gêmeas
como o meu amor
teu nariz
e nossa temperatura
embaixo
nas noites de inverno
mas lembrei
que a única maneira
é te escrever
esse poema
para que nunca
te vás
mas eu vejo
a porta bater
teus cabelos
chanel alguma coisa
voarem
e então eu me sinto
mais só
do que eu já era
já era
e tu nem vais
ler esse poema.
8/18/2009
Rumor Piripkura
rejeitaram, ela é a pedra angular.
O vento é como se fosse invisível
E a árvore balança e dizer
Que o vento move o mamoeiro é singelo
Mas antinatural como se Brasília neste momento
Sob sua luz quase fria e quase branca
Não ouvisse o rumor de dois homens
Sozinhos em mata fechada, fugindo ao norte
Da fome, da morte, carregando um facho
Invisível antes os clarões abertos pelo, como se fosse, progresso.
E no entanto eles serão os últimos
E sua morte será como se a implosão
Distante de uma galáxia num silêncio
Mais profundo, repleto de rumores
Se calassem, levando consigo
Outras tantas centenas de vozes, como se imersas
Nas raras conversas entre os dois
Na solidão ameaçada
Pelas armas da civilização como se uma britadeira
Abrisse caminho e forçasse o tempo a andar mais rápido
No ritmo das rodas dentadas e das faíscas, das sirenes
Que encobrem o mínimo rumor produzido por dois homens
Que matarão com sua morte todas as gerações
Que lenta e pacientemente prepararam a arte
De não deixar o fogo morrer na floresta úmida e escura.
E será como se elas, todas as vozes
Misturadas como se a fala universal de uma criança
Fosse o idioma destes dois homens que carregam fachos
Na floresta escura, nunca
Tivessem existido, ao menos em Brasília
Mais preocupada com a proximidade
Miserável em seus bairros nobres
Das escolas públicas e a qualidade da grama
Que na seca se comporta como se fosse palha morta.
8/13/2009
Depois da Antropofagia, a Coprofagia
1. Rroche Selavy.
2. Como vimos na explicação, existem aqueles que comem cocô por puro tédio, ou para manter o local limpo e sem vestígios, para evitar broncas e punições. Alguns nem chegam a comer todo o cocô, brincam com eles e carregam pedacinhos na boca, que saem sob a forma de gases em canções axé-music, outros ainda usam o cocô na caneta-tinteiro e escrevem seus romances e crônicas com essa matéria-prima, e por fim temos aqueles que cospem a merda no ventilador. Tamufu é composto de ingredientes naturais que deixam as fezes com um sabor e odor nada atraentes. Ele é mais eficaz do que soluções caseiras como, por exemplo, colocar pimenta em cima das fezes, pois como ele é ingerido e processado você não vai precisar ficar vigiando cada ida ao banheiro para colocar a pimenta.
3. Wikipedia: Coprofagia (assim como a coprofilia, também conhecido como scat), copro em latim significa "fezes" e fagia "ingestão" sendo assim: prática de ingestão de fezes. Isto ocorre naturalmente em algumas espécies de animais, como cães, gatos, insetos e aves. Relata-se também tal prática em seres humanos, porém sob a categorização de patologia de ordem psíquica, ou desvio sexual (variação da coprofilia). Existe farto material de ordem hedonista a respeito do tema, principalmente proveniente do oriente. Ex. “José Serra falou merda sobre a gripe suína” em práticas de dominação sexual entre duas ou mais pessoas a pessoa dominante por vezes pode defecar sobre seu escravo, não só no corpo mas como também no rosto ou até dentro de sua boca obrigando-a até a ingerir suas fezes (da pessoa dominante), isto também é denominado "scatsex"[carece de fontes?]. Acredita-se que a coprofagia em cães ocorre por falta de alguma enzima no organismo[carece de fontes?]. Um caso de coprofagia que ganhou o interesse da imprensa especializada foi o escândalo da polonesa Cynthia Witthoft
4. Tamufu só funciona nas primeiras 24 horas em casos graves casos graves só depois de 48 horas cada dose de Tamufu corresponde a duas doses de Blue Label no Cruzeiro Hipocrático. Contra-indicações: diarréia em alto mar.
8/06/2009
Amerika. The Powerfull Alpha Male
8/02/2009
Dois pares, um
se convergindo, lado a lado ao
pé da cama - não sei ainda por qual
vereda, entre tantos caminhos, todos
sem sentido, estas solas nos levam
à deriva, mas unidos, enquanto
os anos, aos saltos, àquele tanto
ou tão pouco que nos coube devoram
vorazes. Alguma força os retém,
nenhum desejo de ir. Então ouço,
pela porta, a água lavar seu corpo
e me deito, querendo um tempo sem
tempo, e agora, como sempre, em mim
tudo vibra esperando você vir.
7/31/2009
O dia em que a Hiena do Cati assombrou a Rua do Ouvidor. (A Federação, Porto Alegre, 19/09/1905)
(reza a lenda a hiena arranca dentes, capa, degola e estupra inimigos, depois manda os soldados montarem acampamento sobre os cadáveres pra se acostumarem, estoicamente, ao cheiro da morte)
Quem diria a hiena do Cati, neste momento aqui entre nós não destoa do delicioso Chateu D’Yquem, do soberbo Mouton Rotschild e do lubrificante Bourgogne, aqui, entre estas taças o monstro lendário fica ridículo diante do homem
Quem diria a hiena do Cati veio ao Rio e se fez amigo do soberbo, delicioso e lubrificante Coelho Netto, quem vê a hiena nestes espelhos que se desdobram se misturam se multiplicam soberba e deliciosamente a lubrificante figura da hiena sorri feliz, brindemos aliviados, então o “monstro” é este homem!
Ele, o criador do mais moderno valhacouto de degoladores fala, com propriedade, de Zenão e Marco Aurélio? Ele, que já dormiu sobre corpos em decomposição, reconhece os mais finos perfumes? Um feroz criminoso lombrosiano, da mais baixa espécie? Um patriota? Um empresário e escritor?
Hoje, entre estes espelhos, uma lenda morreu, para o bem da humanidade.
7/27/2009
Trajeto
Entrar (, violento, abrupto como cápsula
de metal, nave que incandesce enquanto
cai no ar denso, metáfora brilhando
rubra na escuridão do céu, diáspora
em que não se sai, antes se mergulha
no nada até rebentar no chão qual
semente e, assim, germinar) no real,
cair (, precipitar-se numa fuga
pelo abismo, voluntário mau passo
no vazio, deixando o chão que o arranha-
céu alçou, artificial e estranha-
mente, ao antes impossível espaço
dos pássaros, verter-se até o fim
como quem não vai se encontrar) em si.
Beleza
Agride como a paz, como um dia
De luz cortante como lâmina fria
Após uma noite de sono profundo,
Como alguém conversa
E te escuta, profundamente, ali está
A beleza, confunde como quem te conhece
E não te leva a sério, docemente.
Ali está você, olhando pra dentro e pra fora
Sem saber como dizer
Porque a beleza, sem pedir licença,
Decidiu capturar os seus olhos.
A beleza tira o fôlego
Do travesseiro quando você
Chega em casa, e te divide entre
A rua, neste momento vazia, e a solidão.
A beleza te deixa desabrigado
E você bem gostaria que a sua casa
Fosse um hotel, qualquer coisa
A beleza te convida
A deixar-se ir, a fantasiar-se, a sumir
A ser esquecido, a ter o nome apagado
Dos documentos.
A beleza
Cabelos molhados como flores
De um amarelo translúcido
Não colhidas e jamais encarceradas
Em cones plásticos, nunca vendidas
Nem expostas em vitrines frias.
A beleza não anestesia
Nem convoca um batalhão de idéias,
Não é uma confirmação
Do socialmente aceito como beleza,
Flora, as pessoas renegam a beleza
Que eu preferia não ter conhecido
E mudam de assunto.
A beleza fere.
Publicitários não entendem
De beleza, belas palavras não são
Beleza, paisagem não é beleza
Beleza não é um jargão.
Beleza não se veste de vermelho,
Não procura cores gritantes
Nem precisa de cumplicidade ou confirmação,
Ou suspiros que são como legendas
Derrotadas de um filme
Mudo. A beleza não
Fala.
A beleza escolhe o azul
Dança de azul, a beleza não faz questão
De ser bela, a beleza não fala, apenas dança e some
Quando sua festa acaba.
7/22/2009
just before I was born,
I got a boy child's comin,
He's gonna be, he's gonna be a rollin stone"
Muddy Waters
"Você há de rolar como as pedras que rolam
na estrada."
Lupicínio Rodrigues
Ao contrário do que parece,
Meu irmão é leve.
O que puxa uma sensação de peso para o centro
É a extensão de sua voz.
O que puxa uma sensação de peso para o centro
É a dinâmica dos gestos, de aceno a soco.
O que puxa uma sensação de peso para o centro
São os dentes, quando ele ri ou ameaça,
Como se eles tivessem sido polidos no rio
De pedras.
O que puxa uma sensação de peso para o centro
São os endereços trocados por engano.
O estado de alerta, as garrafas de cerveja
Jogadas no palco porque a banda não presta.
Mas no centro nada.
No fundo eu e meu irmão somos dois vácuos
Que produzem o próprio peso.
Como não podemos ser exatos – a leveza desgoverna –
Acreditamos em fantasmas ou anjos ou lobisomens
E esperamos o Milagre, vagando por aí.
Nós mesmos somos, por dentro, fantasmas sem contorno,
Escondidos sob o pano branco onde se desenham rostos que são máscaras
De raiva e alegria e tatuagens,
Anjos que apenas são asas se desfazendo sob o sol,
Naquele instante antes da queda.
Ao contrário de nossa leveza,
Acreditamos que nascemos como pedras que caem.
7/18/2009
o que é a poesia?
voltou à sua cidade
para vender a casa antiga
onde passou parte da infância
cambiou a quantia obtida na venda
por euros
e transferiu o montante para sua conta
em Bruxelas
onde vivia num pequeno estúdio
alugado, 3 peças dando para os fundos
o que tornava muito silencioso
estar ali, exceto
nos dias de chuva quando as gotas
tamborilavam nas folhas
de zinco sobre a varanda
no ano passado foi encontrado
morto, um assassinato sem pistas que
deixou a polícia aturdida
mas a chuva
nas tardes em que chove
ainda reverbera no telhado
de zinco a sua música
apenas abafada pelos
relâmpagos, quando isso
acontece.
7/14/2009
Por dentro, por fora
Vivendo como um pária, neste exílio
de uma pátria que não existe, a não
ser na mais absurda alucinação,
nenhum dia traduz o seu sentido.
Mas isso é por dentro: além do corpo,
mundo afora, as coisas seguem normais
em seu destino, superficiais
até o limite e assim é o mundo todo.
Só que isto é por fora: sob estas coisas,
sob a pele das coisas arde um tal
incêndio, uma inconstância, um vago mal
estar sem ponto fixo, entre as doidas
vertigens da espiral que é pensar,
via inútil entre tudo o que há.
7/04/2009
Nenhum mar (trecho)
Give it away
Red Hot Chili Pepers
Language is a virus...
W.S. Burroughs
1.
falando às estantes do sebo, às seis,
a porta de enrolar desce forçada
e arranha meu destino e meus ouvidos.
Lanço o corpo na rua em meio aos gases
e a fumaça do que penso me intoxica:
se até deus é abismo, eu tento em vão
não pensar em mais nada, e meus amigos,
as mãos nos bolsos, muitos sem emprego,
seguem sem esperança ou direção
(alguns nas dobras da burocracia).
Os tempos que virão nada de meu
terão, porque já dormem loteados
por mercados futuros e outros lances,
nem me seduz o bonde que me leva
a um futuro já colonizado,
mas sigo em frente mesmo sendo eu mesmo.
De pé no cruzamento da avenida
falando com o relógio digital,
Copacabana ruge e cospe cinza
e ele marca 39 graus.
São quase seis e quinze, os carros passam,
ele parece não me ouvir nem ver,
esfinge de metal e sem enigma.
Pergunto pra ninguém, feito um babaca:
pra onde foram todos os hidrantes
e certas pulsações da minha infância
que se perdeu nas dobras da cidade?
Não vou surfar de volta pro passado
porque é lá que não me reconheço,
de lá não sou quem parte pro futuro
pra me encontrar aqui desencontrado
à espera de zarpar, e nenhum mar.
Flip, Chico, eu, ausência e mais o vazio
6/30/2009
Na antevéspera de sair
O medo dos ecos
Que agora moram na sala.
* * *
Os ecos chegaram primeiro
Os ecos serão os últimos
Depois da luz apagada e da porta –
Trancados por fora.
* * *
Sala branca, território
Livre para os barulhos da rua:
Gritaria de ecos na sala vazia.
* * *
Gato se esconde na mala –
Conversa de ecos
Na sala desabitada.
* * *
Onde o gato se meteu? –
Ecos conversam
Sobre o medo na sala branca.
* * *
Gato e ecos trocam
Idéias sobre o vazio:
Luz apagada, sala sem móveis,
Mala enviada como relíquia
No caminhão de mudanças.
* * *
Na chegada eram dois
Gatos e oito ecos, na saída
Um gato a menos e quatro
Ecos a mais.
* * *
Gatos se tornam ecos
Quando morrem na cidade
Vazia, ecos são guardados
Nas malas, como relíquias.
Nas malas vão vestígios das salas, vazias.
6/28/2009
Vista sobre a cidade, sem horizonte
porque a agonia foi minha
e lenta
ainda desfolha, cínica, imagem
por imagem como um atirador
de facas mirando o espelho
até riscar na superfície
do corpo as palavras
mais duras
do real.
Antes não, do oitavo andar à frente
uma névoa, neblina espessa, bruma
tomando de assalto e sem pressa
o espaço todo enquanto
olhando ao fundo o rio de asfalto
desejava o salto até perder-me
no curso opaco dessa lama negra onde
as coisas permanentemente vão,
pra sempre vão
sem volta, desejos
desencontrados – confessar
que desisti, impossível ir
além da margem onde homens
e mulheres andam à deriva
porque pensam, olhos sobre imagens
nos espelhos, nuas, imagens
em camadas que nunca deixam
ver o que por baixo grita: você morreu
um pouco, me sento
a seu lado e converso
com a outra
parte.
6/23/2009
O blues da patricinha visceral
Da patricinha visceral, o seu umbigo
É o próprio umbigo
Do real.
No shopping center, quando
A patricinha solta
Veneno sobre a arte de comprar
Sapatos
É como se Tutankamon
Dissertasse sobre as virtudes
Da morte
Nas profundezas de uma pirâmide –
A patricinha visceral
È o melhor remédio
Contra as mentiras de amor
Gritadas nos autofalantes das lojas.
A patricinha observa o shopping no prisma
Da arte de ver com olhos
Críticos, seu cinismo é o antídoto
Às pretensões neohippies
Da mercadoria.
Na verdade eu até curto
A patricinha visceral, ela me ensina
A ter raiva e me odeia mas com uma curiosidade
Ambígua
E seu cuspe cítrico
É melhor que milkshake de ovomaltine &
A frieza do olhar que esvazia
Os balões em forma de bichinhos
E corações sob as lentes
Intensas dos óculos de astronauta
Que brilham como um copo de vodka
Azul, tudo como num velho blues, estilo
Baby, fix one more drink.
6/19/2009
Oito-Olhos ataca de Cretinélio e
6/16/2009
Cretinélio, primo do Conselheiro Acacio & inimigo mortal do Absurdo
desaforados vão se tornar uma forma
de colaboração ao blog. Estamos,
eu e os xingadores, compondo
um personagem tipicamente internético:
Cretinélio, o inimigo mortal do Absurdo.
Dessa vez, até pra manter o caminho iniciado,
optei pelo método do Fazer o Texto Falar, que
como todos notaram pode ser usado com discursos de
personagens, codinomes e/ou pessoas de carne e osso.
O bordão do Cretinélio, por enquanto, será:
Quem nunca fez uma cretinice anônima que atire
a primeira pedra.
Eis a primeira fala do nosso personagem:
Não... num entendi? Meu... uma certa?
Um REALMENTE tão grosseiro com
O olho gordo da Vila Bad.
Você é um burro equívoco mesmo.
Você, posar de satírico?
A vergonha na base do gênio
Sou eu,
Ou o caramba anônimo não dá.
6/12/2009
Acontecimentos da USP, na análise do Prof. Chapadonildo
Os professores combatentes ilegais venceram, além de serem derrotados.
Seus comandantes marxistas, êxito em situação inferior.
Soltavam essa conseguindo virar os policiais da Pátria da Guerrilha.
Voluntários vermelhos fortemente em combate respiraram melhor o brilhantismo do progresso.
Logo, quando os perigosos cercaram o ambiente, bravamente, a batalha coube
aos Subversivos Públicos. A ação dos perigosos e derrotados combatentes
foi se refugiar no território da bravura. Agradecemos à a sagacidade dos comunistas que, pouco a pouco, capturaram a educação muito forte dos soldados emocionados.
Parabenizamos, como grupo de representantes da bravura, os patriotas
das Verdadeiras Fileiras Suíças. Homens de tenacidade ímpar na defesa
do menor número, para poderem espargir prosperidade. Quais?
Bons aos inimigos, que apesar de soldados guerrilheiros, já começaram
a obrigar ao armamento à brasileira. Resistiram sitiados em fuga, em plena
baixa econômica. Eram mal armados mas lograram à Força o assalto altivo.
Tomados de Ordem, na extrema galhardia Pública. Líderes em quantidade comunista,
havia os guerrilheiros de São Jogo.
Bom para o meu Pau, tentar à força o mesmo com o núcleo, o feroz
Elemento, a dedicação ao grande triunfo, a luta em grande graça, o pum que defende
a Lei contra os Comunistas e mesmo lá os atos de lealdade a São Ar.
6/07/2009
Psico Tio Sukita
guardados na bolsa
como lixo reciclável –
sob a luz seca
de uma cidade amputada
por estradas e pela natureza
do cerrado –
e eu me explico
eu, o demônio escondido no bolso
do homo sapiens
como eu poderia ser normal
querida
debaixo deste sol de sanguessugas
se há tempos respiro o bolor
de papéis velhos e meu sangue
é verde-musgo, como a lama
de um poço inventado por Poe.
só me resta a esperança
de não ser inofensivo,
deixa de lado a reciclagem
e vamos fazer
um jogo dadaísta.
5/28/2009
Resenha de A Bolsa e a Vida de Le Goff, segundo a doutrina do Acaso Objetivo
Na parte inferior do cérebro, na região que a ciência denomina de estriado, reside o vício financeiro do jogador que se apaixona pelo risco. O estriado, ao provocar ondas de calor que sobem pelo intestino do seu proprietário, também indica a presença da buceta mais desejada de uma festa, razão pela qual o indivíduo que tem o estriado volumoso geralmente acaba se acasalando com jovens advogadas, não importa quão escrotas. O que este tipo de incauto não sabe é que do estriado sai um canal invisível que, descendo pelo cu, faz uma ligação direta com o mais profundo dos infernos. A jovem advogada com quem ele contraiu matrimônio, por ser ótima defensora das moedas que ele insiste em não devolver vomitando, terá que passar o resto dos dias definhando ao lado de seu túmulo, orando interminavelmente, prostituindo-se para os imensos fantasmas dos banqueiros culturais. O coitado somente então entenderá que aquela incômoda ardência em seu rabo não era fruto de prosaicas hemorróidas, mas sim um presságio de que ele teria que passar a eternidade sentado num chão abrasivo, sob uma sufocante chuva de fogo.
Hoje mesmo eu conheci uma dessas jovens e infelizes senhoras. Ao passar pelo lúgubre cemitério mais conhecido como Procon, uma voz me intimou a entrar num de seus mausoléus (o pertencente à família de mafiosos Nossocaixão). O lugar fedia a miojo misturado com guaraná Mineiro. A moça mais parecia uma velhaca decrépita enquanto me convidava para ser seu companheiro de refeição. “Ela deve estar querendo dividir com os pobres o dinheiro conquistado de modo sórdido por seu marido”, pensei. Porém, saí dali assustado quando a vi tirando o prato de dentro de uma daquelas gavetas onde se guardam defuntos. O prato estava cheio de sapos e serpentes, que pelo fedor deviam ter sido cozidos no enxofre.
5/25/2009
nº 94
entre você e o mundo, perdição
de todos os sentidos, um
a um estendidos em seu limite, tantos anos
buscando a saída pela imagem
de que dentro, mais
ao centro, arde
o que encerra o labirinto perdido, miragem
que pulsa, corpo, sobre outros
labirintos, pedra, asfalto, areia,
carne, pensamento
sem a chave do mistério, no distúrbio
de não ser, além
de si e aquém,
algo mais que estas paredes
nuas e sangue e nervos
com o vazio
ao centro.
(das "Notas Marginais").
5/21/2009
Noturnos (uma letra de música)
(Fred Martins/Aldemar Norek)
se uma noite não tem fim
nem promessa de luar
e se o corpo não sentir
quando o mundo lhe tocar
ou se as coisas sem saber
dormem fora de lugar
e lá
você
ficou
sem sonhar
avenidas e sinais
outro clipe casual
paisagens são vitrais
estilhaços do real
que não colam nunca mais
e lá
por sobre o mar
hoje a noite sem estrela
só espelha os olhos dela
longa noite sem estrela
vela os olhos negros dela
(p.s. segundo o Fred, a música é um maracatu. Não sei não.....Mas é uma melodia muito bonita).
5/15/2009
Google traduzir esquizoide
Cat's pé ferro garra
Neuro-cirurgiões gritar por mais
Na paranóia veneno da porta.
Século XXI esquizóide homem.
Block rack arame farpado
Polititians' pira funerária
Inocentes violadas com napalm fogo
Século XXI esquizóide homem.
Morte sementes cego da ganância
Poetas' crianças sangram
Nada ele tem que ele realmente necessita
Século XXI esquizóide homem.
5/12/2009
Conciliábulo
O amor que você,
Cobra me cobra pra
Amar como quem anda armado
Ou se armadilha em
Deserto, desterro ou arquipélago, se
Em sua ilha de amigos belicosos
Rastejar se oferece no cardápio frio
Entre seus perdões de chumbo
Pelo que você não tem, alma –
Ulcera engrenagem vazia, concílio
Devorador de sangue, vômito
Inodoro que o amor desmente,
Ou repudia.
5/06/2009
Meu rito de passagem
Mito de origem?
Meu rito é a transposição do complexo de Édipo em várias instâncias?
Ou simplesmente uma etapa crucial no processo de autoconhecimento?
Transformação, superação, modificação ou apenas externalização de um “eu’ dormente?
Sou quem sempre fui; sou a junção do “eu’ com o “tu”; sou o “nós”!
Que saia o indivíduo! Mas que o indivíduo se esvazie, e que o “nós” prevaleça!
Nenhum homem é uma ilha – que o “eu” fique cheio do “Nós”
Hoje realmente sou quem sempre fui
Na interação com o “tu” meu “eu” surge, todavia o “nós” prevalece!
Feliz do povo cujo “nós” prevalece sobre o “eu”
Feliz de mim!
Cogito ergo sum
Homo lupus homini
Post Tenebras Lux
E na coroa de Louros – Laura; na interação do “eu” com o “tu”, me torno quem sempre fui.
Enfim, depois de um curto tempo na escuridão, a luz surge das trevas!
Meu ritual de passagem foi o Amor;
Um amor que me sorriu numa tarde nublada de domingo
Um amor que, advindo apenas de uma troca de olhares,
Revelou-me que o deserto havia passado
Linda-Loira-Laura – coroa de louros para o perdedor-vencedor
Perdi certezas; ganhei paz e esperança.
5/03/2009
Para não morrer da verdade
Para Igraine com saudade
Passado treze dias de marcha ruminesca
em direção ao nada, ao vazio e a mim
em viagem rumo aos centros de mim, da terra e do universo descentrados
universos translúcidos de der vi ches loucos: tempos loucos!
Um dos universos distinguíveis por seu silêncio fraternal
universo não-universal que desponta no poente e na aurora
universo de meio-tons
tonalidades que tocam as sensibilidades escondidas e perdidas
tesouros...
O amor na vertical da horizontalidade
E na verticalidade do horizonte
Fuga de horizontes nas descidas luminosas
E nas tonalidades ascendentes que surgem, brotam e se vão como uma suave música
Eis que chego em minha varanda
E sou presenteado
Entre árvores, plantas e folhas em 13 dias floresceram
Rosas meio-tons no caule e nas folhas de uma paineira solitária
Uma beleza nua e silenciosa no meio do sertão
No vale do sertão
Por apenas doze dias elas ficarão:
perecerão então:
deveria restar um botão?
E minha lembrança: eterna memória!
Fui brindado com o roseado caído
De uma majestasa paineira
Flores que brotam do nada
Flores que brotam das profundezas seivadas por pouco Tempo
A espera do vento e do Tempo
Para lentamente, pacientemente e docemente
Caírem: beijarem o chão
E nutrirem a terra para desabrocharem daqui um novo Tempo
A espera da minha contemplação
Da minha parca capacidade de ver, ouvir, tocar e sentir
Por instantes permaneço frente a ela e a vejo, sinto, escuto e toco: paineira solitária do sertão
Quantas flores caem por dia?
Gostaria de morrer e renascer
A cada instante, a cada cair das folhas da paineira que vive para bilhar o azul do céu
A esperar a esperança de penetrar na dança
Das folhas que brotam e caem
E no balé das folhas verdes que dão o tom perene do que fica no tronco e na raiz
Raiz sem rumos: rizoma de flores a bailar no céu
Neste instante silencioso busco o silêncio solitário da paineira do Ser Tão
5/01/2009
"sinto, logo sou"
Era esse meu lema: penso logo existo
Ledo engano
Coitado do Descartes... não sabia de nada!
Que se dane se meus sentidos me enganam
Sinto, logo sou!
Sentio ergo sum!
4/26/2009
Sentenças e Máximas de Oito-Olhos)
Como um raio que cai em sua cabeça ou como um bacharel doutor proletário cult praticando a massagem linguopedal nos camelos do deserto você de uma hora pra outra se vê num auditório repleto de outros tantos como você. Você se acha especial mas um dia as máscaras caem e o que se revela sob seu rosto é a mesma massa mole de modelar. Ainda mais depois do aviso de Oito-Olhos: “sorte não existe, sorte é destino, azar o seu o que existe é derrota ou vitória”.
E como Oito-Olhos vai subindo a escada lateral do auditório como se o piso fosse feito de línguas úmidas massageando seus imensos e deformados e chulepentos e magníficos pés! E como ele se agarra ao microfone como se fosse uma tábua de salvação, prêmios aos homens que se vestem de mulher na hora do naufrágio pra furar a fila do estágio probatório da morte que os espera logo ali, entre os fios do microfone.
Mas, ei, os fios do microfone não são línguas umidificando seus ouvidos, a hora da foda é pra ser desagradável, outro aviso de Oito-Olhos, não deve ser contabilizada no item férias, passeios e cagadas agradáveis. Enfim, eis as sentenças de Oito-Olhos:
1. O plural de anfitrião é anfitriões. Mesmo assim fico feliz ao ver que esse auditório está lotado (de panacas).
2. Eu confecciono diplomas de Seres Humanos Completos aos subalternos que concluem a jornada.
3. Toda comissão permanente tem atribuições específicas.
4. Todo A será inevitavelmente igual a outro A, mas as siglas, como os vizinhos, não merecem confiança. UFO, por exemplo. Exemplo hipotético.
5. O Ricardo é um santo e se você tiver sorte um raio não cairá sobre sua cabeça.
6. O pagamento: ôba!
7. A Diretoria dos Portadores de Dependência Química.
8. Queria usar uma camisa de forças.
9. 20 minutos é pouco tempo quando o tema é a falta de assunto. (Enquanto fala isso, Oito-Olhos dá uma coçada no cu).
10. Esta cidade está crescendo desesperadamente.
11. Sempre sorrir e abolir a palavra “não”.
12. No que concerne ao meu coração, estou recebendo vocês na minha cozinha.
13. Recuperar a auto-estima sem dinheiro, só com o calor humano.
14. Pluralidade de idéias – mas com a obrigação da Idéia Única. O Todo. O consenso que leva ao maior consenso.
15. A Instituição foi pensada para a Eternidade. Foi pensada nisto. Mas cada um precisa de uma mesa. Cada um de nós é todos nós. E mesa é muito complicado: é uma construção civil.
16. Muito pouca gente entende isso.
17. Órgão de apoio é tudo apoio.
18. O poder é construído pelo Trono do Poder: a Caneta! A tarefa do Vice Poder é impedir o impedimento do Poder.
19. Nada de briga. Tudo tem que ser no intelectual.
20. Arroto, a nível de interação.
21. O orgulho é o objetivo da Empulhação Definitiva. Com 40% de Ética você será vitorioso na carreira.
22. O pagamento: oba!
23. Eu não conheço direito os meus amigos. Nós formamos um time.
24. As redes astronômica é a responsável pelo acontecer do ensino.
25. Eu tirei o bigode pra criar novos ares, mas isso dificulta o meu discurso.
26. Planejamento é o ato de planejar & uma coisa é comprar outra é guardar.
27. Acabou a moleza.
28. O pagamento: oba!
29. Já fui um incendiário de calça de boca de sino. Meus amigos enriqueciam costurando dentes de madames enquanto eu me matava de estudar. Agora estou aqui, sou o Poder. Tenho o previlégio de discursar.
30. De onde saíram os ETs desta mesa?
31. Terra cheia de confritos (mistura dialética de conflitos e ovos fritos).
32. A capacidade de catalisar pessoas para trabalhar nessa bandeira.
33. O amor própio é o ópio do povo.
34. O problema do atestado fajuto.
35. O pagamento: oba!
36. Vocês continuarão aqui pelo menos até 2400.
37. O era é experiência para fazer melhor. O sonho que esperamos torná-lo realidade.
38. Rejuvelhecer.
39. O Poder é estúpido, mas faz cara de paisagem.
40. A competição é te valorizar.
41. O Brasil é uma República, mas o Acre não conta.
42. Você não pode se casar com a sua irmã.
43. Um dia a máscara cai. Direita Administrativa: Direito Administrativo.
44. A polícia federal está aqui, graças a Deus.
45. LIMPE.
46. O caminho errado não vai dar em nada.
47. O pagamento: oba!
48. Na dúvida sempre pergunte: é simples assim?
49. Eu estou com vontade de chorar.
50. Vamos parar de inventar, por favor.
51. 40% de Ética é suficiente: escolha os itens que não desagradem a Chefia.
52. Capacitar para fortalecer a hierarquia.
53. Ninguém pode mudar o Sistema. Somos meros informantes.
51. Quanto tempo falta?
52. O negrito é uma filosofia de gestão.
53. O próprio formulário vai exigir isto de vocês.
54. É preciso olhar para frente, e não pelo retrovisor (para que não possamos olhar para o próprio rabo).
55. Nós temos que pagar por esta tranqüilidade.
56. Quanto tempo falta?
57. Minhas ações não condizem com o que eu faço.
58. Mulher normal não reclama do marido, mas interpretar não faz mal a ninguém.
59. O que não está na lei, não está no mundo; mas precisamos organizar o que está por trás.
60. Quanto tempo falta?
61. Não é permitido ter simpatias, antipatias, caprichos...
62. O pagamento: oba!
63. A pessoa jurídica não é palpável internamente.
64. Quanto tempo falta?
65. O pagamento: oba!
66. Quanto tempo falta?
67. Acabou!
68. LIMPE!
P.S.(69): Sempre dá para organizar tudo!